Ao mesmo tempo em que proporcionam frescor, os aparelhos de ar condicionado geram preocupação, caso não estejam devidamente limpos e higienizados. O professor de Microbiologia do Centro universitário de Araraquara – Uniara, Adilson Bernardi, comenta que os principais problemas de saúde causados por sistemas mal cuidados são “alergias e complicações pulmonares provenientes de microrganismos, e também da poluição química”.
De acordo com ele, ambientes compostos por muitos adornos e carpetes pioram os problemas, “pois propiciam a proliferação de ácaros, fungos, protozoários, algas e bactérias que sobrevivem e gostam deste tipo de condições, ou mesmo em locais onde há a formação de névoas químicas, como tintas, fumos, etc”. “Isso leva os indivíduos que vivem ou trabalham nesses espaços a desenvolver problemas respiratórios agudos ou crônicos que, a longo prazo, tornam a permanência nos ambientes inviável, pois provocam uma hipersensibilidade às partículas em suspensão”, detalha.
A sujidade, principalmente dos equipamentos, provoca o acúmulo de microrganismos, como protozoários e/ou amebas de vida livre, que, por sua vez, abrigam bactérias, “tudo favorecido por um ambiente ecológico em que sobrevivem em condições inóspitas”. Os principais problemas, segundo ele, estão relacionados “à falta de manutenção no que se refere à higienização periódica recomendada, bem como ao local onde o equipamento está instalado”.
Outro ponto importante salientado pelo microbiologista é a necessidade da umidificação do ambiente. “É um fator muito importante que deve ser considerado, pois muitas pessoas colocam pratos, baldes ou outros recipientes com água e se esquecem de renová-la e de limpá-los, gerando um foco de contaminação”, diz.
Quando o ambiente envolve várias pessoas, a situação se agrava ainda mais. “Além dos problemas citados, existem partículas (aerossóis) da respiração de cada indivíduo que eliminam uma carga de microrganismos bastante acentuada, principalmente quando tosse ou espirra. Então, além da higienização do ar condicionado, o ambiente onde está instalado o aparelho também precisa receber limpeza constante e, se possível, que janelas sejam abertas para que a circulação de ar seja renovada”, explica Bernardi, que ressalta que o fator doença acontecerá dependendo do tipo de microrganismos presente e da característica imunológica de cada indivíduo.
Os aparelhos de ar condicionado contam com várias peças que necessitam limpeza e manutenção. Bernardi, que pesquisou no site da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA (www.anvisa.gov.br), lista a periodicidade de limpeza de seus componentes, de acordo com o endereço eletrônico: tomada de ar externo – limpeza mensal ou, se descartável, troca após, no máximo, três meses; filtros – limpeza mensal ou, se descartável, troca após, no máximo, três meses; bandeja de condensado – limpeza mensal; serpentinas de aquecimento e de resfriamento – limpeza trimestral; umidificador – limpeza trimestral; ventilador – limpeza semestral; casa de máquinas – limpeza mensal.
“Em casa, as pessoas têm que retirar a tela do ar condicionado uma vez por mês, limpá-la com água corrente e pedir a visita de um técnico uma vez por ano, para verificar como está o equipamento, se precisa de uma limpeza mais profunda ou apenas higienizar o aparelho”, reforça o professor.
Também é necessária a higienização nos veículos. “Para o carro, o filtro do ar condicionado tem que ser trocado na concessionária ou em uma assistência técnica especializada”, adverte.
Contudo, na opinião de Bernardi, evitar o ar condicionado “é puro exagero, pois uma casa ou uma empresa suja, sem manutenção, gera problemas parecidos”, mas que é possível perceber na literatura que a falta de projetos em ambientes climatizados é comum na maioria dos estabelecimentos comerciais, industriais, de saúde e residências. “O bom senso de limpeza, seguindo regras e procedimentos adequados, é o ideal. Não é apenas o ligar de um botão, mas uma série de medidas que precisam ser contempladas para um ambiente seguro e saudável”, finaliza.
Agência Uniara