Comprar um quilo de tomate ou de carne? É essa pergunta que muitos consumidores estão se fazendo nos últimos dias ao frequentarem os supermercados em Bauru, já que o preço do quilo do fruto ultrapassou o de algumas carnes. Por conta da grande quantidade de chuvas e até pragas, a produção de tomate foi inferior no início deste ano, o que fez com que o preço aumentasse cerca de 80%, segundo informações da Associação Paulista de Supermercados (Apas). Quem antes comprava o alimento por R$ 7,50 o quilo (em média), hoje encontra o produto por R$ 8,98 (em média), segundo uma pesquisa extraoficial feita pelo JC.
O presidente do Sindicato Rural de Bauru, Maurício Lima Verde, explica que todo setor de hortifruti sofre com a ação de chuvas e das pragas durante o ano todo, mas, desta vez, o tomate foi o mais atingido. “Por exemplo, tem épocas em que o preço da alface salta de R$ 1,00 para R$ 5,00 por conta das chuvas que estragam as folhas. Neste ano também houve uma diminuição da área plantada de tomates e o clima não foi muito favorável. Mas isso é temporário e deve melhorar em breve”, esclareceu.
O diretor regional da Apas, Émerson Svizzero, revela que em março o aumento do preço do quilo tomate foi de 24,04%. Já em fevereiro a elevação foi de 9,19%. Nos últimos 12 meses (entre março de 2012 e março de 2013) o aumento foi de 157,54%. No acumulado de janeiro, fevereiro e março, a alta ficou em 78,66%.
“Quando a oferta de um produto se reduz e o preço sobe, os consumidores passam a comprar menos até o ponto em que o preço retorne a patamares inferiores. Vale ressaltar que esse processo de alta tende a ser um processo temporário, que não vai perdurar nos próximos meses”, avaliou Svizzero.
Prejuízo
Se o produto está muito mais caro do que o normal, o consumidor começa a repensar sobre o consumo, visto que um quilo de músculo custa R$ 7,98 e um quilo de peito de frango, R$ 6,38 (valores em média). É fato. O tomate está mais caro do que alguns tipos de carne. (veja quadro)
Segundo Fernando Cabreira Fernandes, responsável pelo setor de hortifruti de uma rede de supermercados em Bauru, nos últimos dez dias, quando o preço atingiu o pico de quase R$ 9,00, as vendas nos estabelecimentos caíram 60%.
“O consumidor está deixando de comprar mesmo e consumindo outros produtos. Nos últimos dias as vendas de tomate caíram 60%. O preço de custo do tomate italiano está em média R$ 7,50 e o longa vida (tomate comum), R$ 6,00. Estamos repassando um índice baixo para o consumidor e comprando menos para não perdermos o produto”, disse.
Em falta
Se o tomate está em falta para os consumidores comuns, para aqueles que contam com a doação do alimento não há o que fazer. Na entidade Casa da Sopa, em Bauru, os voluntários não “veem” tomate há cerca de 20 dias.
“Não tem o que fazer. Deixamos de servir o cachorro-quente aos sábados para os participantes de um projeto de escola de futebol aqui da Vila Falcão. Agora eles estão comendo pão com mortadela. O preço do quilo do tomate está mais caro até do que o quilo da salsicha. É muito ruim, estamos sem doações de tomate há cerca de 20 dias”, afirmou Rose Lopes, voluntária da entidade.
Substituindo...
O tomate é um produto que está sempre na mesa do brasileiro, por isso fica difícil pensar em deixar de consumi-lo. A sugestão da nutricionista Patrícia Loquete Ramalho, responsável pelas lanchonetes e restaurante de uma universidade de Bauru, é que o alimento seja substituído pelo molho ou pela beterraba, que são mais baratos e possuem os mesmos nutrientes.
“Os alimentos de cores fortes, como o tomate, são ricos em licopeno. O brasileiro tem o hábito de consumi-lo nas saladas e o ideal é substituir por outros alimentos de cor forte também como, por exemplo, a beterraba, que é mais barata”, disse.
Com a alta do produto, o restaurante teve que sofrer algumas alterações no cardápio. “Aqui no restaurante, por exemplo, estamos trocando uma salada por um prato quente e não estamos mais oferecendo salada de tomate todos os dias, como fazíamos antes”, frisa.
Jcnet