Em meio à crise no setor da laranja, devido às duas últimas supersafras (2011/12 e 12/13) e à falta de compradores na Europa, duas agravantes surgiram no setor: as doenças cancro cítrico e greening atingem de forma acelerada o parque citrícola no Estado de São Paulo.
No ano passado, o aumento da contaminação das pragas do greening nos pomares foi de 82,8% em comparação com 2011. A incidência de contaminação por cancro saltou de 1% para 1,39%.
De acordo com o presidente da Câmara Setorial de Citricultura do Ministério da Agricultura e do Sindicato Rural de Taquaritinga, Marco Antônio dos Santos, a falta de parcerias, como a que existia há cerca de quatro anos entre o Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura) e a Secretaria da Agricultura, para combater o cancro nos pomares, contribuiu para o retrocesso do setor.
Segundo o Fundecitrus, o aumento da contaminação pelo cancro, que apareceu pela primeira vez no Brasil em 1957, se deu em 1977 em São Paulo.
Vinha sendo controlada até 2009, quando o Estado decidiu interromper a parceria com o fundo por achar o projeto "inviável".
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria da Agricultura, a partir de 2009, em função da incidência do greening no Estado, começaram a surgir os reflexos da diminuição de inspeção.
De lá para cá, os índices têm aumentado. A secretaria informa que o produtor não percebeu que a responsabilidade de manejo do pomar é dele e os índices de contaminação dos talhões (quadras de laranja) por causa do cancro passaram de 0,44% em 2010 para 0,99% em 2011 e para 1,9% em 2012.
Diferente do cancro, em que a planta só perde parte do talhão, o greening é considerado a doença mais destrutiva do setor --por tornar os frutos inúteis para consumo e levar à morte da planta.
Produtores da região, como Walter Valério Neto, não estavam preparados para as perdas com as doenças.
Ele cultiva laranja na sua fazenda, Santa Heloísa, em Taquaritinga, desde a década de 70. Vê com desânimo o futuro da citricultura.
Diz que já chegou a perder 20 mil plantas por causa do greening.
"Só com mudas, o prejuízo foi de R$ 80 mil, e ainda tem o serviço. É muito dinheiro." Não sofreu, porém, com o cancro.
Outras cidades da região também tiveram perdas por causa do greening. Limeira perdeu 6,4%; Ribeirão Preto, 5,5%; Jaboticabal, 3,3%; e Araraquara, 2,9%.
A Secretaria da Agricultura diz que não tem "condições de controlar os pomares de todos os produtores do Estado".
De acordo com o órgão, cabe ao produtor se responsabilizar pela sanidade do pomar e pela produção.
Folha de São Paulo