Na contramão da maioria das cidades da região de Ribeirão Preto (SP), que exportaram menos no primeiro trimestre deste ano, Jaboticabal (SP) registrou crescimento de 60% nas vendas para o mercado externo, em comparação com o mesmo período do ano passado. O amendoim foi o principal responsável pelo índice positivo: em três meses foram embarcados 6 mil toneladas do grão, contra 3,4 mil em 2012.
Dados do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (MIDC) apontam que as negociações entre janeiro e março movimentaram US$ 26 milhões aos empresários de Jaboticabal. Na mesma época do ano passado, esse valor foi de US$ 16,2 milhões.
"Esse cenário é resultado de um conjunto de investimentos realizados nos últimos anos para fomentar o plantio do grão e ampliar a capacidade de processamento. Hoje, nossa região é responsável por 47% das exportações de amendoim do país", explica o empresário José Arimatéia Calsaverini, superintendente da Cooperativa Agroindustrial (Coplana), entidade que agrega 90% dos donos de plantações do nordeste paulista e sul de Minas Gerais.
Ainda segundo o MIDC, os principais destinos dos produtos de Jaboticabal são os Estados Unidos e países da Europa, como a Holanda. Calsaverini afirma que o mercado internacional utiliza o amendoim na preparação de petiscos fritos, temperados e salgados, além de biscoitos finos e chocolates.
Um dos países que vem se destacando na importação de amendoim brasileiro é a China, apesar de produzir quase 16 milhões de toneladas de grãos por ano - 51 vezes mais que o Brasil. "Acontece que os chineses estão consumindo tudo. Na medida que o país se urbaniza, aumentou a necessidade de importação. Ao longo do tempo, pelo elevado consumo, se tornará um dos principais importadores mundiais", afirmou Calsaverini.
Menos exportações
Ao contrário de Jaboticabal, as cidades da região de Ribeirão Preto exportaram menos no primeiro trimestre deste ano. A maior queda foi registrada em Bebedouro (SP), onde as vendas para o exterior – principalmente Bélgica, Japão e China – caíram 19% em comparação com os três primeiros meses de 2012.
A justificativa é a crise da laranja, principal produto de exportação da região. Segundo a Câmara Brasileira de Citricultura, cerca de 30 milhões de caixas da fruta foram perdidas em 2012 por falta de compradores. Este ano, às vésperas do início da safra, as estimativas continuam desanimadoras: a colheita deve cair 25% em relação ao ano passado.
Ainda no ranking das cidades que menos exportaram, Sertãozinho (SP) segue na segunda posição, com queda de 17%. Entre janeiro e março, a cidade negociou US$ 62,9 milhões - principalmente em açúcar, etanol e produtos de cana-de-açúcar -, contra US$ 75,9 milhões em 2012.
Calçados em crise
A terceira colocação ficou com Franca (SP), que embarcou 14% menos produtos para o mercado internacional, movimentando US$ 39,9 milhões no primeiro trimestre deste ano, ante US$ 46,5 milhões no mesmo período do ano passado.
Para o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca, José Carlos Brigagão do Couto, a justificativa está na queda de produção e exportação de calçados e couro, registrada há cinco anos consecutivos. “Nosso setor ainda está sofrendo os resultados da crise mundial de 2008. As exportações caíram vertiginosamente. Hoje, é o mercado interno que está sustentando a indústria de calçados”, explica.
Em Ribeirão, a queda nas exportações foi de 5,2% em comparação com os três primeiros meses de 2012, quando foram negociados US$ 42,3 milhões. Mesmo assim, as vendas de milho em grãos, sementes e aparelhos de odontologia – principais produtos exportados – renderam à cidade este ano US$ 40,1 milhões.
G1