Menos de 5% dos produtores de laranja da região fecharam contratos com as indústrias neste ano, segundo um levantamento do sindicato rural de Taquaritinga (SP), que representa cerca de 4 mil citricultores na região de São Carlos, Araraquara e Ribeirão Preto. A negociação é dificultada pelo baixo valor oferecido pelas empresas, que não cobre os custos de produção.
O Estado de São Paulo é o maior produtor de laranja do país, mas depois de duas super safras, os citricultores do estado não estão otimistas. Um levantamento da associação nacional dos exportadores de sucos cítricos prevê uma redução de 30% na colheita.
“Em torno de 20% dessa queda será por erradicação, mudança de cultura geralmente para a cana-de-açúcar. Os 80% restantes seriam por queda de produtividade, principalmente porque no ano passado nós tivemos uma oscilação térmica muito alta e as chuvas foram irregulares. Com isso você tem um menor apegamento de florada e uma menor produção”, afirmou o engenheiro agrônomo Arthur Rodrigues de Castro.
A colheita de alguns tipos precoces de laranja já começou. Uma fazenda em São Carlos, por exemplo, tem 80 hectares com 35 mil pés. Os pomares estão menos carregados que no ano passado, pois vários foram atingidos pelo amarelão, o que comprometeu a qualidade. O citricultor Sérgio Spagnolo espera uma queda de 20% na produção e ainda enfrenta aumento dos custos, principalmente com funcionários. “De uns três anos para cá a mão de obra subiu uns 40%. A gente vem tentando conter os custos, mas está ficando inviável porque você fica sem funcionário para trabalhar”, afirmou.
Preço baixo
Na região central do estado, de cada dez laranjas oito vão para a indústria. E mesmo com uma oferta menor do produto, o preço da caixa com 40 quilos não subiu. “R$ 7 as frutas de meia estação e as tardias e R$ 6 as precoces. O mesmo valor do ano passado, pois as indústrias alegam grande estoque de suco dos últimos anos”, afirmou o presidente do sindicato rural de Taquaritinga, Marco Antônio dos Santos.
O produtor rural Luís Arioli, dono de uma propriedade na região de Taquaritinga, já poderia estar colhendo a fruta, mas não começou o trabalho por não ter para quem vender. Desde o ano passado, a área plantada caiu pela metade, pois a conta não fecha com o preço oferecido. “Porque o custo é muito alto em cima de inseticidas, adubos, colheita, transporte, funcionários. Eu vou ter prejuízo, em torno de R$ 5 por caixa”, reclamou.
Se a situação não melhorar, o agricultor pretende trocar a laranja por outro cultivo. “Só se for a cana, porque o clima não ajuda para outras culturas”, disse.
As três indústrias da região foram procuradas para comentar se há previsão para fechar contrato com os produtores, mas não deram retorno.
Gôndolas
No supermercado, a realidade é outra e ainda tem laranja da safra anterior. Mesmo com produção menor, não vai faltar a fruta, o que segura o preço na gôndola. “A gente vai ter que começar a fazer uma negociação melhor para o consumidor”, afirmou o gerente de supermercado Evandro Zanardi.
G1