Ibitinga, Segunda, 25 de Novembro de 2024
Indústria de suco de laranja calcula prejuízos após vandalismo do MST
Integrantes do movimento teriam deixado estragos em fazenda de Borebi. Cerca de sete mil pés de laranja foram destruídos em outra ocupação

epois que os cerca de 300 integrantes do Movimento Sem Terra (MST) desocuparam a fazenda Santo Henrique na manhã desta quarta-feira (5), em Borebi (SP), funcionários da Cutrale, indústria de suco de laranja e responsável pela área de 2,6 mil hectares, se depararam com a destruição provocada durante a ocupação, que teve início no domingo (2).

A fazenda já havia sido invadida pelo MST outras três vezes desde 2009. Na primeira, além de danos, eles derrubaram mais de sete mil pés de laranja utilizando um trator.

A polícia já sabe que alguns integrantes do grupo são os mesmos que ocuparam a área nas outras ocasiões. Por todos os lados ficaram os sinais da depredação após a invasão. Os integrantes do movimento picharam paredes, janelas, telhados e máquinas, além de usarem moldes de papelão com frases de protesto. Laranjas também foram usadas para escrever no solo mensagens contra o uso de agrotóxicos. Defensivos agrícolas foram despejados pela propriedade. Também foram destruídos cadeados e fechaduras das portas que davam acesso à oficina da empresa.

Em um imóvel que serve de alojamento levaram alimentos e todos os eletrodomésticos que estavam na cozinha. De acordo com testemunhas, os integrantes do movimento também abriram os compartimentos onde estavam 60 toneladas de laranjas e destruíram tudo. O volume de fruta equivale a três dias de trabalho em pleno período de colheita.

Um funcionário da Cutrale, que preferiu não ser identificado, mora em uma das casas dentro da área invadida e acompanhou de perto toda a ação de vandalismo.

“A pichação começou no final da tarde de terça-feira depois que saiu a liminar da Justiça para que eles saíssem da fazenda. Não teve o que eles deixaram intacto. Eles gritavam: 'MST, a luta é pra valer'. A gente nem tentou conversar porque não sabemos o que eles podem fazer com a integridade das pessoas que trabalham na fazenda. Achava que o movimento era uma coisa, mas vendo de perto é outra. Muita bagunça, depredação e não se preocupam com as pessoas que estão por perto”, conta.

A Polícia Militar foi chamada, mas nenhum dos cerca de 300 integrantes do grupo foi encontrado. Representantes da empresa estiveram durante o dia todo na fazenda contabilizando os estragos. Em nota, a assessoria de imprensa da Cutrale informou que empresa ainda calcula os prejuízos por conta da invasão e não há estimativa de valores. A nota explica ainda que a avaliação dos estragos aconteceu durante todo o dia e que nesta quinta-feira (6), a empresa deverá ter uma noção do valor do prejuízo.  Na fazenda trabalham aproximadamente 600 funcionários.

G1 também entou em contato com assessoria de imprensa do MST, qua passou os contatos dos integrantes que respondem pela ocupação em Borebi, mas, eles não foram localizados em nenhum dos números de telefones informados. Alguns integrantes do MST participaram de uma reunião com superintendente regional do Incra, Wellington Diniz Monteiro, nesta quarta-feira em Bauru (SP), onde foram discutidos encaminhamentos do instituto em relação ao imóvel. Em nota, o Incra informou ainda que a fazenda é objeto de uma ação reinvidicatória da autarquia desde 2006 e que busca recuperar o imóvel para destiná-lo a reforma agrária. 

Ainda de acordo com a nota, a Fazenda Santo Henrique era uma das fazendas que integrava o Núcleo Colonial Monção, projeto de colonização do governo federal iniciado em 1910 para imigrantes de várias nacionalidades. No total, essas fazendas somavam aproximadamente 40 mil hectares, abrangendo os municípios de Agudos, Lençóis Paulista, Borebi, Iaras e Águas de Santa Bárbara. Ao todo, o Incra já ajuizou mais de 50 ações judiciais que totalizam aproximadamente 17 mil hectares a serem retomados para a União.

G1



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