Produtores de cana-de-açúcar promovem hoje, a partir das 10h, uma manifestação em Jaú (47 quilômetros de Bauru) em defesa do etanol. Pelo menos 10 municípios estão confirmados. O ponto de encontro será no trevo de quatro alças do contorno viário da cidade, na rodovia que liga para Bocaina.
O setor enfrenta uma dos piores crises de sua da história. De 2008 até este ano, 40 usinas fecharam o que gerou desemprego e afetou diretamente a saúde financeira das cidades em que estavam instaladas.
A região de Jaú é a quarta em importância do principal negócio agrícola do Estado de São Paulo, o que representa três mil produtores de cana-de-açúcar que já enfrentam os impactos diretos dessa crise. No entorno a Jaú, tem unidade da Raízen (antiga Cosan) em Barra Bonita, pertencente ao maior grupo de álcool e açúcar do mundo.
Por volta das 10h, comitivas de Lençóis Paulista, Macatuba, Pederneiras, Boraceia, Barra Bonita, Dois Córregos, Mineiros do Tietê, Bariri, Bocaina e Jaú vão se concentrar no trevo da rodovia Leônidas Pacheco Ferreira (SP-304) no km 303.
No início da manhã, esses grupos vão promover manifestações em seus municípios de origem antes de saírem em caravana, por volta das 8h. Algumas usinas da região devem paralisar suas atividades por algumas horas. Para o dia 13 de maio, está agendada uma marcha a Brasília, também em defesa do biocombustível.
Frente
O presidente da Frente do Etanol, o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS) conta que, no Estado de São Paulo, haverá outros atos na região de Piracicaba. Segundo ele, essa foi a única alternativa encontrada pelos defensores da produção sucroalcooleira para chamar a atenção do governo federal para a ausência de políticas que impulsionem o setor.
“A Frente sempre defendeu o consenso entre o governo federal e a cadeia produtiva do etanol e do açúcar, mas o Executivo tem se mostrado irredutível em atender as reivindicações do setor sucroenergético”, afirmou o parlamentar do PPS.
A manifestação conta com o apoio de ao menos quatro entidades: Associação dos Plantadores de Cana da Região de Jaú (Associcana), Associação dos Plantadores de Cana do Médio Tietê (Ascana), Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Bariri (Assobari) e Associação dos Fornecedores de Cana da Região Igaraçu-Barra Bonita (Afibb).
Entre as reivindicações do ato está o retorno da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). Até 2012, o tributo incidia sobre a gasolina, favorecendo o preço do etanol nas bombas dos postos de combustível.
A frente também pede a regulamentação de dispositivo aprovado na Medida Provisória 613, que prevê desoneração de PIS/Cofins aos produtores de etanol.
Bagaço da cana
O deputado Arnaldo Jardim diz que a Frente do Etanol quer que o governo federal volte a comprar energia produzida pela biomassa, a partir do bagaço da cana-de-açúcar. “Há quatro anos, aconteciam muitas contratações desse tipo, mas elas foram suspensas por conta do custo”. Acontece que, hoje, compra-se energia elétrica por R$ 450,00 o megawatt/hora (MWh), enquanto a energia de biomassa pode ser vendida por R$ 180,00.
Outra reivindicação do setor sucroenergético é o aumento da mistura do etanol na gasolina. Atualmente, cada litro do combustível derivado do petróleo recebe 25% do álcool. Até maio de 2013, essa relação era de 20%. A proposta é de que o índice chegue, agora, a 27%.
Arnaldo Jardim afirma que estudos comprovaram que a medida não trará prejuízos aos motores de automóveis. Jcnet