No último dia 28 de agosto foi comemorado o Dia do Avicultor. Atualmente, o Brasil é o maior exportador mundial e terceiro maior produtor de carne de frango. A avicultura é um dos setores mais importantes do agronegócio, sendo responsável por 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos, com movimentação de R$ 36 bilhões em negócios e participação em 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo a zootecnista e docente de Tecnologia de Produção Animal 2 na Faculdade de Apoio à Tecnologia (FATEC) de Taquaritinga, Selma de Fátima Grossi, a avicultura cresceu muito nas últimas décadas graças ao melhoramento genético e nutrição animal. “A descoberta de várias linhagens de aves para ganho de peso e para postura fez com que a nutrição se adequasse a esses animais de bom potencial”, explica.
Outro ponto importante é o cooperativismo, que facilita ser avicultor. “Existem cooperativas que ajudam com o fornecimento de ração, pintinhos e outros insumos para essa produção”, afirma Grossi.
As modificações nas instalações também contribuíram com o desenvolvimento da atividade. “Os galpões destinados a esses animais permitem hoje uma boa condição de criação durante a estadia, proporcionando bem estar, bom desenvolvimento e bom ganho de peso”, destaca a zootecnista. Além disso, o manejo sanitário adequado, o manejo de dejetos, a limpeza do galpão e a vacinação também proporcionaram um bom desempenho à avicultura no Brasil e na região, conclui a professora.
História
Acredita-se que a ave tenha chegado ao Brasil em 1503, quando Gonçalo Coelho atracou no Rio de Janeiro três anos após a chegada de Pedro Álvares Cabral. A produção comercial, no entanto, teria tido início em Minas Gerais por volta de 1860, quando o estado passou a despachar galináceos e laticínios para outras regiões do país. A criação de aves neste período era campestre, elas viviam soltas e demoravam seis meses para atingir o peso de abate, na faixa de 2,5 quilos ou mais.
Vantagens e desvantagens
Nelson Prevato Filho, avicultor há 10 anos, conta que o principal desafio da atividade nos dias de hoje é vencer a desinformação. “Muita gente diz que a ração do frango recebe muito hormônio, mas isso não passa de mito. E, infelizmente, as pessoas que não tem conhecimento disso deixam de consumir”, explica.
Para ele, apesar de exigir um investimento inicial alto, de cerca de R$ 700 mil, a granja é viável ao pequeno produtor. “A principal vantagem é que o espaço é pequeno e mesmo assim o giro de dinheiro é muito bom. Acredito que seja viável porque hoje há oportunidades de exportação para outros países como a Rússia por exemplo. Meses atrás passei por uma crise, porém, já me estabilizei. Esse é um bom negócio do qual eu tenho orgulho”, enfatiza.
Avicultor há 20 anos, Maurício Cinegaglia, se diz apaixonado pelo que faz. “Aprendi isso com meu pai e hoje sou arrendatário de granjas, tenho uma arrendada aqui em Ibitinga, outra em Curupá e uma em Borborema”, conta.
O principal desafio da atividade, na sua opinião, é encontrar mão de obra, pois o manejo requer muito cuidado. Outra dificuldade apontada por ele é o prazo de recebimento, pois as empresas para as quais fornece demoram muito para pagá-lo. “Um dos principais benefícios é que a avicultura, no meio rural, é uma atividade onde a renda gira rapidamente. Assim, embora demore para receber, com 45 dias já temos frango pronto para ser entregue e sabemos que já temos dinheiro”, explica.
Cinegaglia diz ainda que ser avicultor hoje não é tarefa fácil, principalmente pelo valor baixo do frango, mas com dedicação é possível sair-se bem na atividade. “Analisando como as coisas eram 10 anos atrás, a genética mudou muito e hoje há melhor qualidade. Embora pouca gente saiba, a alimentação e a genética dos frangos são muito boas e não precisam de hormônios, por isso, acho viável e interessante a manutenção de uma granja. O importante é o proprietário estar sempre presente, senão o negócio não anda”, final