Citricultores da região reclamam que ainda não receberam os pagamentos referentes a leilões do ano passado feitos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O órgão alegou que a falta de documentos dos produtores motivou o atraso. Para piorar, a situação da safra é desanimadora, já que os preços não pagam os custos de produção.
O produtor de laranja Walter Valério Neto explicou que o trabalho é intenso na fazenda de 28 mil pés, em Taquaritinga. A qualidade está boa, mas o problema é o preço pago pela indústria que, segundo ele, não cobre os custos de produção e nem de colheita. “Esse ano a gente conseguiu fazer uma negociação de R$ 7 por caixa, para colocar na indústria. Hoje a gente tem um custo de R$ 12”, afirmou.
Leilões
Cerca de 55% das laranjas produzidas no Estado de São Paulo foram colhidas. Para vários citricultores, a esperança de diminuir os prejuízos estava na ajuda do governo federal, mas na safra deste ano, nenhum leilão da Conab foi feito.
Para piorar, os agricultores que participaram do leilão na safra passada ainda não receberam o pagamento. “Falta a gente receber ainda em torno de R$ 20 mil e esse dinheiro ia vir para melhorar os tratos da safra deste ano”, disse Valério Neto.
No ano passado, o citricultor José Walter Pereira, de Pirassununga, também participou do leilão da Conab. “Até agora nada”, disse. A colheita dele terminou e teve 30 mil caixas a menos. Ele vai receber R$ 7 pela caixa e também vai fechar no vermelho. “Vamos tentar mais um ano. Se continuar assim, rançar o resto do pomar e fazer outra coisa”, afirmou.
A Conab disse que a conferência dos processos está sendo feita e que a falta de documentos dos citricultores tem motivado os atrasos. Contudo, a companhia não deu prazo para fazer os pagamentos.
No ano passado, para ajudar os agricultores, a Conab fixou preço da caixa de 40 quilos em torno de R$ 10. Como a indústria ofereceu em torno de R$ 7, o órgão se propôs a pagar a diferença ao produtor.
O presidente da Câmara Brasileira de Citricultura, Marco dos santos, disse que cerca de 2 mil produtores paulistas aderiram ao leilão. “50% já foram pagos, faltou receber 45% ainda. Os produtores contraíram muitas dívidas e esses pequenos recursos ajudariam ele a quitar esses endividamentos”, afirmou.
G1