Procuradores do Ministério Público do Trabalho (MPT) encontraram irregularidades na colheita de laranja nesta terça-feira (15), em uma fazenda de Avaí(SP). Segundo o sindicato, os trabalhadores não estão recebendo corretamente pelo trabalho executado por um problema entre a fazenda e a indústria que compra a laranja.
Cerca de 20 trabalhadores reclamam dos descontos nos salários. Nesta terça-feira, eles decidiram não colher a laranja e paralisar as atividades por tempo indeterminado. “Fica difícil porque a gente vem de longe para ganhar algum dinheiro e chega aqui e descontam”, disse outro trabalhador, José da Silva.
Maciel Alves colhe por mês cerca de 46,5 toneladas de laranja e recebe por produção. Mas no último pagamento percebeu que a empresa onde trabalha estava pagando menos do que ele deveria receber. Pelas contas do trabalhador, o desconto era de R$ 24, o que representa 1,5 tonelada da fruta. “Quando recebi o holerite não bateu. Fomos buscar alguma explicação e eles falaram que tinham descontado porque a caixa não estava no peso e que todo mês vai continuar descontando.
Os funcionários alegam que a empresa desconta do salário a quantidade de laranja que falta quando o produto chega na indústria. “Como é que a gente pesou e no pomar deu muito mais o peso e quando vai para a indústria ela volta faltando. Onde essa laranja está indo? Estão desviando laranja?”, afirmo Abel Barreto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
O Ministério Público também encontrou irregularidades nos ônibus que fazem o transporte dos trabalhadores. “O tacógrafo dos ônibus está vencido, problema de sujeira, transporte de ferramentas dentro dos ônibus”, informou o procurador Luís Henrique Rafael.
Em dez dias, a fazenda deve entregar ao MPT os documentos dos ônibus e do acordo coletivo. Uma audiência entre a empresa e os trabalhadores será realizada para resolver a situação. “Vamos analisar esses contratos. Tanto o contrato da empresa com a indústria, contrato dos trabalhadores e o acordo coletivo que a fazenda fez com o sindicato. Porque o critério de remuneração do trabalhador é por caixa colhida e não é pelo peso que chega na indústria", completou o procurador. Os donos da fazenda não quiseram comentar o assunto.
G1