Uma doadora anônima de Blumenau (129 km de Florianópolis) quitou a dívida de R$ 900 com um posto de combustíveis que havia sido assumida por um ajudante de pedreiro de Jales (585 km de São Paulo) para pagar o roubo do filho ao estabelecimento.
Depois que soube que o filho de 18 anos foi preso no dia 8 passado sob a suspeita de roubar o posto e uma farmácia, Dorivaldo Porfírio de Lima, 44, procurou o dono dos dois lugares para pagar a dívida. No posto, havia assinado promissórias para parcelar o débito em dez parcelas de R$ 90.
O caso ganhou repercussão nacional. Na quarta-feira passada (16), Pedro Paulo Santana, 74, dono do posto Espacial, alvo do roubo, recebeu uma ligação de uma mulher de Blumenau. O comerciante tentou passar o número de telefone do ajudante de pedreiro, mas ela recusou.
"Ela só disse que queria pagar toda a dívida e pediu o número da conta do banco do posto", disse Santana. "Eu até achei que era trote, porque não é comum fazerem isso hoje em dia." No dia seguinte, uma nova ligação dela confirmava o depósito dos R$ 900.
Santana conta ter recebido mais quatro ligações, vindas de lugares como Rio de Janeiro e Porto Alegre. Em todos os casos, passou o número do celular do ajudante de pedreiro, porque disse que não queria ficar de intermediário do caso.
Agora Lima e a mulher se preparam para ver o filho pela primeira vez desde que foi preso. Nesta segunda-feira (21) vão se cadastrar na Polícia Civil para fazer a visita ao rapaz na cadeia de Jales na próxima quinta-feira (24).
REPERCUSSÃO
Desde que a história apareceu na TV e nos jornais, o ajudante de pedreiro disse à Folhater recebido ao menos sete ligações de pessoas interessadas em ajudá-lo. "Ah, fiquei surpreso demais. Não sabia que tinha tanta gente assim querendo ajudar. Estão vendo que meu filho não é ladrão, só estava envolvido com a droga."
Além de tirar o caçula da cadeia e encontrar uma clínica para ajudá-lo a se livrar do vício das drogas, Lima quer encontrar trabalho. No momento, conseguiu mais um bico para aterrar uma área perto de sua casa. Mas o trabalho, afirma, logo terá fim.
Lima disse que gostaria mesmo é de conseguir um emprego registrado em carteira, na função de faxineiro, carpinteiro ou jardineiro. "É mais seguro ser registrado. A gente hoje não paga INSS, não tem garantia de nada."
O dono do posto roubado disse à reportagem que, depois de quitada a dívida, contou ao ajudante de pedreiro que outra pessoa da cidade insistia em ajudá-lo com algum dinheiro. Mas ouviu do ajudante de pedreiro: "Ah, não precisa, porque agora a dívida está paga".
Folha de São Paulo