A partir de agosto, bancos adotarão um sistema inédito no Brasil para operações de crédito rural. As instituições financeiras acompanharão o desenvolvimento das lavouras via satélite para saber quando será necessário pagar o seguro nos casos de perdas na produção. Para quem pretender investir no agronegócio, o sistema dará mais garantia de retorno do investimento.
Com a tecnologia, será possível realizar operações de financiamento das plantações longe das lavouras, basta acessar as imagens do satélite pelo sistema. Como o monitoramento é caro e o recurso ainda não é muito utilizado, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) está desenvolvendo uma tecnologia para ficar à disposição das instituições financeiras.
– O cliente, ao chegar no banco, vai fornecer as coordenadas da área que pretende plantar. Será emitido um relatório com todas as características e informações daquela área, para efeito de seguro, de Proagro, de crédito e riscos ambientais. Isso é novidade, uma quebra de paradigma, e é o que vai pautar as políticas agrícolas nos próximos anos – pontua o diretor da Febraban, Ademiro Vian.
– Ele não só avalia as condições da produção, do desenvolvimento da atividade produtiva, quanto a questão de ordem ambiental. Observando se todos os compromissos assumidos pelo setor produtivo rural estão sendo cumpridos em face, agora, de uma nova legislação, que está em vigor desde maio, em que o sistema financeiro terá a responsabilidade de desenvolver esta política socioambiental – afirma o presidente da IBDAgro, Flávio Palagi Siqueira.
Cinco bancos já aderiram ao novo sistema, que ainda está em fase de testes A expectativa é de as 122 instituições ligadas à Febraban utilizem a ferramenta e que 100 mil operações de crédito e seguro sejam realizadas com o uso da tecnologia até o final do ano.
– Vou ter acesso a problemas climáticos anteriores, climáticos atuais, à produção daquela lavoura, se ela vai ser plantada, se ela está sendo tratada; e eu vou poder fazer interferência de acompanhamento da lavoura e garantir mais tranquilidade para o investidor – explica o sócio-executivo da Ecoagro, Moacir Ferreira Teixeira.
O diretor da Febraban observa que na pré-contratação já será possível saber se determinada área tem algum tipo de trabalho escravo, reserva legal, multas do Ibama, em que bioma está inserida, entre outras características.
–A gente busca o DNA daquela área, podendo regredir a imagem em até 10 anos – salienta.
O sistema já é utilizado em muitos países, como para o financiamento da agricultura nos Estados Unidos, por exemplo. No Brasil, os dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) serão fundamentais para o acesso às informações fornecidas pelos satélites.
– A primeira pergunta que será feita ao produtor é: Me dê o CAR para entrar no baile, se não, você não passa na porta! – antecipa Ademiro Vian.
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