Os produtores de mel de Gavião Peixoto (SP) contabilizam os prejuízos depois que mais de dois milhões de abelhas morreram nas últimas semanas. Os apicultores acreditam que a mortandade tenha sido causada pela aplicação indiscriminada de agrotóxicos por parte dos produtores de cana-de-açúcar e de laranja. Segundo o Ibama, a pulverização aérea com algumas substâncias é proibida.
Mesmo assim, o problema não pôde ser evitado. Para o apicultor José Luiz Santos, o prejuízo estimado é de R$ 15 mil. “Eu tinha 30 colmeias. A expectativa era produzir mais uma tonelada de mel por ano, mas perdi tudo”, lamentou.
O caso foi denunciado para o Ministério da Agricultura e Meio Ambiente de Gavião Peixoto, que já coletou amostras para análise. Os apicultores suspeitam que as abelhas morreram por causa do uso de veneno na região. Principalmente quando é aplicado por aeronaves.
Todos os produtores rurais registraram boletim de ocorrência. “Estou aguardando o resultado da análise para ver se comprova se é o mesmo tipo de veneno. Tem que resolver, se não, não tem como trabalhar mais”, ressaltou o apicultor Valentim Donizete.
Recorrente
Além do prejuízo gerado este ano, os produtores também acumulam o prejuízo do ano passado, quando perderam dezenas de colmeias e mais de um milhão de abelhas morreram. Na época, um laudo constatou a presença de um inseticida usado para combater cupins em canaviais.
Este ano sobraram apenas algumas abelhas. Mas, toda a estrutura será jogada fora. “É preciso se desfazer, porque se colocar outro enxame no mesmo lugar, as abelhas vão morrer, pois o agrotóxico continua reagindo durante cinco anos”, justificou Donizete.
Sem controle
Segundo o pesquisador do instituto de biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, Osmar Malaspina, o uso de agrotóxicos aplicados sem controle mata as colmeias. “Os agricultores têm aumentado as aplicações, como por exemplo, nos pomares de laranja, para controlar as pragas. No caso da cana-de-açúcar o aumento ocorre também porque as pragas não podem ser mais combatidas com a queima”, explicou.
A pulverização aérea também é um problema. “Conseguimos mostrar que a grande mortandade de abelhas estava relacionada à aplicação de agrotóxicos. Esse tipo de pulverização aérea foi suspensa por um tempo, mas este ano está sendo rediscutida se vai ser mantida ou se o Ibama vai liberar essa aplicação aérea”, disse Malaspina.
Fiscalização
O Ibama informou que proibiu a pulverização aérea com algumas substâncias. Já o escritório de Defesa Agropecuária afirmou que faz fiscalizações e que ainda não foi informado oficialmente sobre a mortandade das abelhas.
A federação que representa os agricultores não respondeu sobre o uso indevido de agrotóxicos. O laudo sobre a causa da morte deve sair na semana que vem.
G1