Ibitinga, Segunda, 25 de Novembro de 2024
Piscicultura enfrenta morosidade para ser regularizada em Ibitinga
Associação de Piscicultores, criada em 2010, aguarda definições da AES-Tietê e Prefeitura Municipal

  Criada em novembro de 2010, com apoio da Casa da Agricultura e do Sindicato Rural (SR), a Associação de Piscicultores de Ibitinga (API), nasceu da necessidade de mudança no setor da pesca no município, em busca da regularização da atividade.

  O potencial de Ibitinga, banhada por inúmeros rios e riachos, precisa ser melhor aproveitado, na opinião do presidente do SR, Frauzo Sanches, por isso, a entidade busca alternativas e apoia produtores.  “Mesmo neste período seco, provavelmente o pior da história, nossa represa, por uma questão de estratégia, tem seu nível mantido alto. Isso, associado à necessidade de diversificação das atividades no município, fez com que o sindicato apoiasse a criação da associação, através do nosso diretor Alcides Moreira, que tem acompanhado de perto o andamento dos trabalhos”, explica Sanches.

 “Ainda era chefe da Casa da Agricultura, quando um grupo de pescadores profissionais, que morava ao redor do Pontal do Jacaré (perto da Balsa), me procurou afirmando que não havia mais condições de sustentar a família com a pesca artesanal. Restrições e leis aplicadas à pescaria no Mato Grosso fizeram com que os pescadores da região ficassem mais aqui, originando os pesque pagues, desencadeando o desenvolvimento da corvina e acarretando na diminuição da oferta natural. Perguntaram-me o que poderiam fazer e disse-lhes que o inverso: ao invés de pescar, criar peixes”, conta Alcides dos Santos Moreira, diretor do SR.

  Segundo Frauzo Sanches, um trabalho realizado em parceria entre o Sindicato Rural e a Associação de Piscicultores de Santa Fé do Sul é um bom exemplo a ser seguido. “Hoje além de terem uma fábrica de processamento de peixes, estão com uma fábrica de ração. Dependendo de como tudo evoluir por aqui, pretendemos fazer como eles fizeram”, ressalta.

  As vantagens desta mudança de paradigma da pescaria em Ibitinga - da atividade extrativista para de cultivo -, são inúmeras. Válidas não apenas para os pescadores, mas principalmente para o Meio Ambiente. O problema, segundo o presidente da API, Carlos Eduardo Batista é a demora na regularização. “O incentivo do governo é grande, mas estamos amarrados à AES-Tiete, que parece querer nos segurar, e também a leis ambientais que vão apertando e dificultando tudo para os pescadores”, desabafa.

  A associação hoje conta com 16 piscicultores, que tem dividido entre si as tarefas na administração da entidade, manejo e colheita. “Nosso objetivo é fazer a criação em uma região mais nobre e manter-nos mais perto da área de pesquisa, pois o local é excelente para o desenvolvimento da piscicultura com mais tecnologia e pesquisas”, ressalta Batista.

  Toda a documentação exigida pela CETESB, AES-Tiete e Marinha foi providenciada e a ideia inicial de montagem de um grande criador de tanques redes, numa região de águas mais oxigenadas, considerada como um berçário de peixes, substituída pelo local indicado pelo especialista da AES-Tietê, a um quilômetro do Pontal do Jacaré. “É uma enseada com uma correnteza muito boa e nove metros de profundidade, uma característica impor-tante para técnica tanque rede. O único inconveniente do local são os “moitões”, mas há meios para se resolver”, explica o presidente da API.  

  Em nota, a AES Tietê informa que recebeu, no dia 12 de março de 2014, solicitação de uso de área da AES Tietê para piscicultura, pela Associação de Piscicultores de Ibitinga, e que o processo cita a utilização do Porto Pontal do Jacaré-Guaçu como estrutura de apoio, mas que ele não se encontra regularizado, e a geradora solicita essa regularização para a emissão de contrato para a implantação do projeto.
  Segundo Batista, pela lei, só se pode adentrar o lago da AES-Tiete, sendo a área configurada pelo Código Florestal, mas como esse consentimento está difícil ser conseguido, foi solicitado apoio da prefeitura, para que o Pontal do Jacaré passe a ser parada de embarcações; ponto para escoamento da colheita de peixes e saída de visita. 
  O auxílio da CATI - Regional de Jaboticabal também foi solicitado e os engenheiros agrônomos Carlos Roberto Malosso e Roberto Savério e a zootecnista Fabiana Gouvêa estão trabalhando no projeto. “Uma vez legalizada a área, automaticamente teremos permissão para trabalhar nela. Essa é a única parte que falta e a mais difícil”, afirma Batista.
  Segundo o diretor do sindicato, Alcides Moreira, experiências, que estão sendo realizadas por piscicultores no município já demonstraram que, apesar da seca, não houve mortalidade de peixes. “Cada gaiola rende aproximadamente 800 quilos de peixes. Isso mostra que a atividade tem tudo para dar certo, só precisa da autorização. Depois disso, Ibitinga será um exemplo a ser seguido, sendo a única cidade fiscalizada da região”, avalia Moreira.
  A expectativa de todos é que a regularização seja feita ainda este ano. Vários tipos de peixe estão sendo estudados, mas provavelmente a Tilápia seja produzida, por seu crescimento rápido. A meta é que a produção seja utilizada na alimentação escolar no município. “Esperávamos que esse projeto estivesse mais adiantado, mas tudo está sendo feito corretamente, para não haver nenhuma falha, por isso, está demorando um pouco mais, para que na hora que sair esteja tudo regularizado”, finaliza Sanches.
  
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