Ibitinga, Domingo, 24 de Novembro de 2024
?Nunca paramos por falta d?água?, diz empresa sobre transporte no Tietê
Calado, parte do barco que fica abaixo do rio, foi reduzido para 60 cm. Medida inviabiliza navegação de grandes embarcações em trecho de 2 km

O operador nacional do sistema de navegação fluvial reduziu o nível do calado, a parte das embarcações que fica abaixo da água, na Hidrovia Tietê-Paraná pela segunda vez em menos de uma semana. Desde as primeiras horas desta quinta-feira (5), o calado não pode passar de 60 centímetros, medida bem abaixo dos 3 metros comumente estabelecidos.

Por causa da estiagem que tem colaborado com a redução do nível dos rios Tietê e Paraná, a navegação das embarcações de transporte de carga vive uma situação crítica e, em um trecho de 2 quilômetros que fica entre o reservatório da hidrelétrica de Três Irmãos e a eclusa de Nova Avanhandava, a navegação está interditada. “Com esse calado, nenhum tipo de embarcação, principalmente as que transportam os grãos, consegue passar pelo rio”, explica o comandante da capitania de Barra Bonita, João Batista Reis.

A redução do calado para 1 metro, estabelecida na sexta-feira passada, já havia inviabilizado o transporte de carga na maior parte do Rio Tietê na região Centro-Oeste Paulista e a nova redução válida a partir de hoje só aumenta os prejuízos para as empresas que fazem transporte de carga pela hidrovia.

“Nunca passamos por esse problema na história da empresa. É a primeira vez que tem uma redução de calado tão grande. Todo ano a gente paralisa o transporte fluvial para fazer manutenções nas embarcações e nas eclusas, mas nunca tivemos que parar por falta de água”, afirma o encarregado de fábrica de produção da empresa, Francisco Antôno Gardezani.

De acordo com ele a medida tomada pela maioria das empresas para reduzir os custos tem sido a demissão. A estimativa é de que cerca de 700 trabalhadores envolvidos no transporte de carga pela hidrovia percam o emprego se o problema continuar.

“Em 40 dias, que estamos praticamente parados, cerca de 290 mil toneladas de grãos deixaram de ser transportadas”, completa o encarregado. A carga que antes era transportada em comboios de grandes embarcações, que têm capacidade para 6 mil toneladas, está sendo levada para o Porto de Santos em caminhões e para transportar a mesma quantidade do comboio são necessários 200 caminhões.

Pela hidrovia a tonelada transportada tem custo médio de R$ 45. Pelas rodovias o valor sobe para R$ 170. Quase 300% de aumento. As empresas calculam um prejuízo de R$ 60 milhões ao ano se o transporte tiver que continuar a ser feito pelas rodovias. Além de atrasos na entrega de mercadorias e danos ambientais causados pela aumento da quantidade de caminhões nas rodovias.

G1

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