Ibitinga, Domingo, 24 de Novembro de 2024
Tietê tem níveis acima dos demais
Usinas de Bariri, Barra Bonita e Ibitinga possuem grandes reservatórios o que ajuda a enfrentar a estiagem de chuva

Mesmo com a estiagem, os reservatórios das hidrelétricas da região de Bauru funcionam com níveis acima do que foi registrado em outras áreas do País no último dia 9. Em nota, a assessoria de imprensa da AES Tietê, empresa responsável pela geração de energia em cinco usinas instaladas no rio, afirmou que os reservatórios de Bariri, Barra Bonita e Ibitinga operavam, na quarta-feira, com 90,64%, 75,08% e 55,28% da capacidade total, respectivamente.

Na tarde de sexta-feira, a equipe de reportagem do Jornal da Cidade esteve na área de ranchos, em Cambaratiba, próxima à Usina Hidrelétrica Ibitinga e constatou que a represa estava com, aproximadamente, três metros abaixo do esperado. Porém, o reservatório da usina, construído entre as décadas 1960 e 1970, é enorme e tem grande capacidade de armazenamento de água, fato que explica a despreocupação da AES Tietê em relação à possibilidade de racionamento.

O rio Tietê possui 1.100 quilômetros de extensão e banha 62 municípios paulistas. Em meados do século XVIII, serviu de rota para que os bandeirantes chegassem ao Interior do Estado de São Paulo, fundando diversas cidades. É nele que estão instaladas as usinas hidrelétricas mais próximas da região de Bauru - a Bariri, a Barra Bonita e a Ibitinga. Além disso, o Centro de Operações da Geração (COG) destas usinas está em Bauru.

Em funcionamento desde 1965, a usina Bariri possui uma barragem de 856 metros de comprimento, gerando 136,6 megawatts de energia elétrica, o que é suficiente para abastecer 453 mil casas. Por conta da eclusa - construída para transportar barcos por canais para superar o desnível-, a usina movimentou, em 2009, o recorde de 380 mil toneladas de mercadoria.

Considerada a primeira hidrelétrica construída com eclusa na América do Sul, a usina Barra Bonita completará 51 anos em junho. Com uma capacidade energética equivalente a 140 megawatts, podendo abastecer 266 mil residências, a usina tem um reservatório de 310 quilômetros quadrados. A Usina Ibitinga possui um potencial instalado de 131,4 quilowatts, uma bacia hidrográfica de 43.500 quilômetros quadrados e um espelho d’água que atinge 114 quilômetros quadrados.


Energia limpa

Conforme o JC publicou no segundo semestre do ano passado, as regiões de Bauru e Jaú aparecem na lista dos principais pontos de potencial de geração de energia eólica do Estado, segundo o Atlas atualizado em 2013 pelo governo paulista. Botucatu também está na lista dos ‘corredores do vento’, além de Sorocaba e Campinas.

O Atlas da Energia Eólica mapeia os locais com maior potencial de geração de energia neste segmento. Entre os 10 municípios da região que aparecem com ventos médios permanentes de, pelo menos, 6 m/s estão, a partir de Bauru: Arealva, o Vale do Tietê - entre Jaú e Dois Córregos -, a serra de Brotas e, ainda, a serra de Agudos.

Na área de energia de origem solar, a região de Bauru também aparece com potencial no mapa de incidência global por Kwh/m² dia. Os destaques na área Centro-Oeste do Estado estão para municípios como Itaju, Bariri, Boraceia, Itapuí, Bocaina, Reginópolis, Uru e Ibitinga, segundo o Atlas.


Energia que pode vir do lixo

No ano de 2009, o professor da Faculdade de Engenharia (FEB) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru Jair Wagner de Souza Manfrinato propôs a aplicação de um consórcio intermunicipal de geração de energia elétrica por meio da incineração de materiais não recicláveis.

A iniciativa pretendia fazer a coleta do lixo de 42 cidades da região - com a ajuda de todas as prefeituras - e trazê-lo a Bauru - que seria a sede, porque produz uma maior quantidade de resíduos sólidos - para a incineração e a consequente geração de energia elétrica. Este processo seria feito por uma empresa privada que vencesse uma licitação.

O professor diz que o projeto foi recusado pelo Executivo na época. Ele acredita que seria por conta do elevado investimento que exige. Em nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Bauru informou que não houve veto ao projeto por parte do Executivo. Em audiência realizada no ano de 2011, foi verificada a inviabilidade financeira da construção da usina de tratamento de resíduos sólidos.


Se falta no País, a região também sofre

No Brasil, por conta do grande número de rios capazes de gerar energia em larga escala, 81,9% da energia elétrica produzida pelo País derivam das usinas hidrelétricas, segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República em 2012.

Os reservatórios das usinas hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste do País estão em níveis abaixo daqueles registrados no ano de 2001, quando houve racionamento.

Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que o volume de água registrado nesta região, no último dia 9, representava 37,6% da capacidade, patamar considerado extremamente baixo para a época.

Por incrível que pareça, a região de Bauru pode sofrer com a queda dos níveis dos reservatórios de água, registrada nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e Sul. Isso porque todas as usinas hidrelétricas são interligadas em um sistema único, ou seja, quando uma região do País apresenta estiagem, a energia produzida por outra é encaminhada a ela.

Inclusive, das duas empresas responsáveis pela geração de energia hidrelétrica na região apenas uma afirmou que os reservatórios poderia estar com os níveis mais elevados. Diante disso, o Operador Nacional do Sistema (ONS) já acionou as usinas termelétricas do País para complementar a produção das hidrelétricas.

 

JCnet

comentários
Folha de Ibitinga
Conheça um pouco mais sobre nós.

leia mais
redes sociais Acompanhe-nos em nossas redes sociais.
whatsapp (16) 98135-4546

Todos os direitos reservados © Folha de Ibitinga 2024 - contato@folhadeibitinga.com.br - telefone: (16) 98135-4546