O aumento com os custos de produção tem contribuído para alta dos alimentos, segundo o presidente da Associação de Agricultores de São Carlos (SP), Adriano Rodrigo Scheneviz. Segundo ele, os insumos tiveram um crescimento elevado bem como a mão de obra. A estiagem também fez com que o nível de produção caísse. Com isso, os preços de alguns produtos subiram mais de 90%.
Nos últimos seis anos, o valor dos produtos vendidos no varejo dobrou. Uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que o índice de preços ao consumidor semanal subiu 43% a mais que o índice geral.
A maior alta foi entre as hortaliças e legumes: 91%. O tomate, que antes custava R$ 3,50, agora está quase R$ 7 o quilo. O repolho, que antes valia R$ 1,99, agora sai por R$ 4,50. A abobrinha subiu ainda mais: de R$ 1,99 para R$ 6.
O próprio produtor reconhece que os aumentos são grandes. “Não tem muita mercadoria para trabalhar e o pouco que chega fica caro demais. Então, tem que repassar o preço ao consumidor, não tem como”, disse o feirante Eliel Luiz Pereira.
Margem de lucro
Os derivados do leite, como o queijo, e da farinha, como o pão, também estão mais caros. A gerente de um supermercado da cidade disse que tenta aplicar uma margem menor de lucro para não aumentar muito para o consumidor. “A gente procura pesquisar, achar outros fornecedores com preços melhores”, disse Márcia Semesato.
O economista Paulo Brigante explicou que vários fatores colaboraram para esses aumentos. Entre eles está o direcionamento de áreas agrícolas para o agronegócio, principalmente cana e soja, que acabam também inviabilizando áreas produtivas para a produção de alimentos.
“Isso vem contribuindo, nos últimos anos, para uma redução da produção juntamente com o aumento de preços que não acompanha o aumento da demanda”, avaliou.
A pesquisa da FGV mostrou também que nos últimos seis anos o preço que chega para o consumidor subiu quase 44% a mais do que o pago pelo comerciante. G1