Ibitinga, Domingo, 24 de Novembro de 2024
Usinas desligam turbinas para economizar água
Operador Nacional de Energia Elétrica (ONS) solicitou que geradores de energia desliguem turbinas para economizar água de reservatórios

Em mais um sinal de agravamento nas condições de suprimento de energia, o Operador Nacional de Energia Elétrica (ONS) tem solicitado a alguns geradores que desliguem ou alterem o modo de operação de algumas turbinas de suas hidrelétricas durante a madrugada para economizar água dos reservatórios. A medida tem sido adotada em algumas usinas de Furnas, da Cemig e da AES Tietê, além da hidrelétrica de Itaipu.

 

As informações constam no documento "Diretrizes para a Operação Elétrica com Horizonte Mensal - Abril de 2014", disponível no site do ONS. No material, o operador explica que o desligamento das turbinas faz parte de algumas ações adotadas para recuperar o nível dos reservatórios do Sudeste, em razão do baixo volume de água armazenado na região, sobretudo nas hidrelétricas localizadas na bacia do Rio Grande.

 

Segundo o documento, o operador tem pedido às empresas o "desligamento de várias máquinas ou a operação como gerador sincronizado praticamente a vazio ou unidades despachadas na modalidade como compensador síncrono". As usinas que já adotam essas medidas são: Marimbondo, Furnas, Luiz Carlos Barreto, Itumbiara, Emborcação, Nova Ponte, Mascarenhas de Moraes e Água Vermelha, além de Itaipu - no caso da hidrelétrica binacional, o corte de máquinas foi limitado a três das 20 unidades geradoras.

 

Operar no modo síncrono também significa economizar água. Uma unidade geradora é composta por um gerador e por uma turbina. Em uma situação normal, a turbina, "afogada" pela água, gira pela força das correntezas do rio, movendo o gerador. Mas, no modo síncrono, a água não chega ao local onde está a turbina, que fica inativa. Nessa situação, o gerador passa a funcionar como um motor.

 

Nesse modo, as unidades geradoras deixam de produzir energia ativa, que é a parte elétrica da energia e é usada para ligar aparelhos, e produz somente energia reativa, que gera o campo magnético necessário para a transmissão da energia ativa.

 

Carga

 

Essas medidas têm sido tomadas pelo operador durante a madrugada porque é o período de menor carga de energia. O ex-diretor de geração da Cesp e sócio-fundador da consultoria Consili, Silvio Areco, diz que a diminuição no consumo leva à redução na produção de energia ativa, mas que o sistema de transmissão continua demandando energia reativa. "Ter geradores síncronos operando de madrugada é algo relativamente corriqueiro", afirmou.

 

Segundo Areco, chama a atenção o fato de o operador ter pedido que as medidas fossem adotadas pela hidrelétrica Furnas, que tem o maior reservatório da bacia do Rio Grande. Ao diminuir a geração total de energia dessa usina para poupar água, as demais hidrelétricas a jusante - o lado para onde o rio corre - precisam ter parte das turbinas desligadas para compatibilizar a produção de energia com o fluxo de água liberado.

 

Na avaliação do executivo, essa situação mostra que o operador e o governo federal estão usando todos os recursos técnicos disponíveis para evitar ao máximo o racionamento de energia. "O operador está esticando ao máximo a disponibilidade de água na esperança da chegada das chuvas", disse. No domingo, 13, os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, o mais importante do País, operavam com 36,77% da capacidade.

 

Além dessas medidas relacionadas às hidrelétricas, o operador tem desligado, das 1h às 8h de segunda-feira a sábado e das 1h às 17h de domingo, a linha de transmissão Rio das Éguas - Bom Jesus da Lapa II para ampliar o intercâmbio de energia entre as regiões. Isso aumentou a importação pelo Sudeste em 400 MW médios por meio da Interligação Norte-Sudeste. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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