As primeiras ofertas da indústria processadora de suco de laranja para a compra da fruta na safra 2014/2015 foram de R$ 6 a caixa de 40,8 quilos, segundo relatos de produtores e do presidente da Câmara Setorial da Citricultura, Marco Antonio dos Santos. O preço ofertado pela Sucorrico, em Araras (SP), deve balizar os valores das outras empresas que ainda processam a fruta própria e é 47,6% menor que os R$ 11,45 determinados pelo governo como o valor mínimo para a safra.
Com isso, segundo Santos, os produtores devem se preparar para participar dos leilões do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), para o qual o governo deve liberar R$ 50 milhões e cuja portaria autorizando a oferta deve estar pronta em 10 dias na avaliação do presidente da Câmara Setorial do Ministério da Agricultura.
– A portaria saiu do Ministério e foi para o Planejamento e para a Fazenda. Por isso, os produtores precisam se recadastrar para os leilões – aconselhou Santos durante a Semana da Citricultura, em Cordeirópolis (SP).
Santos criticou, ainda, a falta de entendimento entre os produtores e as denúncias de fraudes nos leilões de garantia de preço mínimo feitos no passado pelo governo, que obrigaram a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a cancelar um dos pregões.
– Foi muito barulho feito pelos nossos próprios pares para pouco resultado. Apenas oito processos em mais de 2 mil foram cancelados e ainda perdemos o último leilão – reclamou.
Semana da Citricultura em SP foca julgamento de processo trabalhista
O processo judicial que definirá se caberá à indústria de suco ou aos citricultores plantar, cultivar e colher as laranjas de quaisquer pomares centralizou o debate na manhã desta quinta na Semana da Citricultura, em Cordeirópolis, interior paulista. Ao contrário dos anos anteriores, quando a discussão sobre os preços pagos pela indústria foi tema principal do debate sobre economia, o debate hoje foi focado no julgamento do processo ainda previsto no Tribunal Superior do Trabalho (TST).
O diretor executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto, criticou a Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus) e afirmou que a entidade defendeu a ação iniciada na Justiça do Trabalho de Matão (SP).
– A Associtrus desejava que a ação fosse mantida, obrigando o plantio, colheita, cultivo às indústrias. Não existe a menor possibilidade de a indústria fazer a colheita em todas as propriedades – completou.
Já o presidente da Associtrus, Flávio Viegas, afirmou que houve uma "imprecisão" na fala do diretor executivo da CitrusBR e citou que a "colheita da laranja foi feita pela indústria de 1960 a 1995, quando as companhias, em retaliação aos citricultores pela ação de cartelização, transferiu aos produtores a colheita", disse. Viegas afirmou que defende que a colheita seja feita pelas indústrias, mas que os tratos culturais e o plantio sejam mantidos pelo produtor.
– Hoje a indústria é concorrente, retarda a colheita, tem preferência na entrada da fábrica e amplia os custos aos produtores – afirmou.
Consecitrus
Marco Antonio dos Santos direcionou as críticas à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), entidade à qual é filiado. Ele criticou o fato de a Faesp ter recorrido da decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que determinava, na criação do Consecitrus, a inclusão da Sociedade Rural Brasileira (SRB), o que travou a criação do conselho.
– Essa posição da Faesp atravancou o Consecitrus, por puro jogo de poder. Como presidente de sindicato, não fui consultado e nem as bases foram ouvidas. A associação faz embargo apenas pela disputa do poder lá dentro – concluiu.
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