Ibitinga, Segunda, 25 de Novembro de 2024
Estiagem já provoca reflexos negativos no setor agrícola em Ibitinga
Invernos secos e quentes têm sido mais frequentes nos últimos anos em Ibitinga: seca prolongada reduz produtividade e eleva preços

  A estiagem registrada pelo segundo ano consecutivo em Ibitinga, tem causado prejuízo para a produção agrícola. Somando 30 dias sem chuva, segundo o Posto de Sementes, o município registra queda de 57% na precipitação, em comparação com o primeiro semestre de 2013. Foram registrados 793 mm de chuva, de janeiro a junho do ano passado, contra 453,5 mm até agora.

  No ano passado, a estiagem em Ibitinga durou 96 dias, entre 13 de julho e 19 de outubro, chegando-se ao registro recorde de 15% de umidade relativa do ar no município. Antes disso, em 2012, foram 58 dias de estiagem, entre 22 de julho e 20 de setembro.

  A anomalia climática, caracterizada por invernos extremamente quentes e secos, tem se repetido nos últimos anos. Se seguir a tendência de 2011 e 2013 — que registraram igualmente 83,5 mm de precipitação —, o inverno este ano (somado à falta de chuva no verão) deve ser dramático. O inverno menos seco dos últimos cinco anos foi o de 2009 com 358,5 mm de água.

    A situação é crítica e o prejuízo para os municípios e o estado, de modo geral, enorme, segundo o engenheiro agrônomo, chefe da Casa da Agricultura de Ibitinga, Carlos Malosso. “As culturas de milho e amendoim tiveram 50% de queda na produção e a estimativa é 30% menor para a cana-de-açúcar”, disse. Outro aspecto negativo é do nível de água nos reservatórios e represas. “Por enquanto os poços ainda não sentiram esse impacto, mas com certeza vão sentir em setembro se a falta de chuva continuar. A única solução é chover, não há outros meios e nem recursos. O que podemos fazer é poupar e esperar”, acrescentou.

  Se o cenário se mantiver o mesmo dos últimos quatro anos, no entanto, a previsão é ruim. Desde 2010 o mês de agosto registra nível zero de precipitação no município. Segundo análise do banco de dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, que conta com a colaboração da CATI, os anos de 1961, 1963 e 1978 foram os que registraram seca mais acentuada. Em 2014 o fenômeno da seca está crítico desde o início do ano, trazendo sérios prejuízos à agricultura, abastecimento humano e uso industrial.

  Segundo o Instituto de Meteorologia (INMET), não há previsão de chuva no Estado até 1º de julho e o final de semana deve ser marcado por queda na temperatura.

 

Impacto negativo para o produtor

 

A perda de produção de milho na propriedade de Rodrigo Bilmaia, em função da falta de chuva, chegou a 60%. “Quando mais precisamos dela, para ajudar no cultivo, ela não veio. Houve muita queima na produção, pois mesmo com o solo molhado, não havia como proteger a parte da planta que não estava enterrada e a colheita, que em anos anteriores chegava a 350 sacas por alqueire, este ano não passou de 150 sacas”, ressaltou.

  Luiz Antônio Rodrigues, criador de gado, enxerga uma mudança no período e na quantidade de chuvas e faz uma análise crítica da necessidade de adequação ao período de transição. “A estiagem chegou quando o capim ia se desenvolver, isso atrapalhou o ganho de peso do gado, pois o capim fica muito novo e o gado começa a comer a massa. Para minimizar os problemas, enquanto a chuva não vem, precisamos gastar um pouco mais com alimentação especializada”, explica.

  Embora ainda não possa calcular a produção total deste ano, porque a colheita ainda não foi feita, o produtor de cana-de-açúcar, Joel Trevisan, já contabiliza prejuízos. “Com certeza teremos queda de 35% a 40% em relação aos outros anos. Mesmo com tratamento a base de herbicidas e solo super adubado, a produção depende da chuva, sem ela a planta não se desenvolve”, justifica.

  Edson Julien, produtor de leite de búfala, também sentiu o impacto. “A alimentação das búfalas ficou muito prejudicada, o que fez com que a produção de leite caísse 20%. Há dois meses eu já deveria estar tirando 300 litros”, afirmou. Para minimizar os danos e aumentar a produção de leite, a saída será gastar com outro tipo de alimentação. “Vou ter que investir na cevada, uma alimentação que com certeza trará resultados. Apenas a chuva resolveria tudo, mas posso garantir que sem a pouca chuva que tivemos, minha produção estaria comprometida em 40%”, observou.

  Os reflexos da seca também são sentidos no bolso pelos consumidores. Marcilene Talarico, proprietária de varejão, diz que faltam alguns produtos e outros encarecem demais. “O jiló é um exemplo de produto difícil de encontrar, e quando se encontra, a qualidade está compro-metida”, avalia. Na sua opinião, a seca registrada no começo do ano teve reflexos piores. “Agora, como há umidade no ar, mesmo que em baixa quantidade, o hortifruti acabou melhorando um pouco, contudo, se não houver chuva o prejuízo será ainda maior”, conclui.

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