A laranja é uma das produções regionais que mais sofreram com a estiagem dos últimos três meses. Tão seca quanto o tempo, a fruta que abastece o mercado consumidor e industrial fez com que o lucro do produtor caísse até 40%, em relação à safra do ano passado.
Prejuízo grande que pesa no bolso do produtor, como no caso da Fazenda Fitipaldi. Com mais de 310 mil pés de laranja, a produção foi diretamente prejudicada.
Para o gerente agrícola Carlos Iglessias, a queda da produção de laranjas foi, em 40 anos de trabalho, a pior que já viu. “Essa safra e até a próxima que será colhida deu frutos visivelmente inferiores. Tudo por falta de água”, conta.
O gerente conta que o prejuízo no lucro foi de pelo menos 40%, já que de 300 mil caixas que poderiam ser produzidas, apenas 180 mil foram vendidas.
“Olhando as plantações hoje, podemos notar árvores mais secas que o normal e a quantidade de frutos que não vingaram”, completa.
Segundo Marco Antônio dos Santos, presidente da Câmara Setorial de Citricultura do Ministério da Agricultura, o produtor de laranja perde, principalmente, ao compor uma caixa da fruta para venda em massa.
“A caixa da laranja, como é vendida para indústria, deve conter 40 quilos do produto. Em época de safra boa, a caixa pode comportar cerca de 250 laranjas, mas agora está sendo vendida pelo mesmo preço com quase 300 laranjas”, explica.
O aumento do número do produto por caixa se dá por conta da qualidade da fruta. Com o longo período de seca, o desenvolvimento da laranja foi diretamente prejudicado, dando origem a frutos menores, murchos e com qualidade inferior ao período de muita chuva. “O produtor tem que arcar com o prejuízo no rendimento do peso”, completa.
Ainda segundo Marco, para conseguir desviar as crises do tempo seco, a melhor saída seria a mecanização da água nas plantações. “A irrigação seria uma alternativa para que o produtor não sofresse com a estiagem, mas ela não é comum na região, principalmente nas plantações de laranja”, diz.
Além do baixo retorno financeiro, os produtores ainda tiveram de esperar por mais tempo para a colheita. De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Araraquara, Nicolau de Souza Freitas, a estiagem atrasou a safra.
“Este ano, acredito que tenha chovido metade do que costuma chover e as plantações são as principais prejudicadas. O fruto demorou mais a madurar, além da perda das laranjas que caem da árvore por não serem de qualidade”, conta.
Para a indústria
Ainda segundo Freitas, a indústria é o segmento envolvido menos prejudicado. Como a venda é feita em caixas, a empresa só paga pelo que entra. “A indústria só será prejudicada se, além de produzir o derivado, tiver pomares próprios”, diz.
Em alguns casos, a indústria pode até ser beneficiada, já que as laranjas estão menores e, portanto, mais compactas. “A laranja pequena continua com os mesmos aspectos. Quem compra para industrializar vai obter um suco mais consistente”, explica. (colaborou Gabrielle Chagas)
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