Uma grande operação para restabelecer a navegação de grandes embarcações na hidrovia Tietê-Paraná teve início ontem, em Porto Primavera, no extremo Oeste do Estado de São Paulo. A operação, autorizada pela Agência Nacional de Águas (ANA) e Operador Nacional do Sistema (ONS), vai reduzir a vazão em três hidrelétricas do Rio Paraná - Sérgio Motta, em Porto Primavera, Ilha Solteira e Jupiá - com o objetivo de aumentar os níveis dos reservatórios e da hidrovia, propiciando condições de navegação a partir de janeiro de 2015.
A intenção é fazer com os níveis dos rios Paraná e Tietê subam e alimentem a hidrovia em trechos críticos do reservatório de Três Irmãos, no Rio Tietê, onde as embarcações encalhavam por falta de profundidade. “Com isso, esperamos que a hidrovia tenha condições de receber as grandes embarcações a partir da segunda quinzena de janeiro, mesmo que não chova”, afirmou Casemiro Tércio Carvalho, diretor do Departamento Hidroviário, responsável pela gestão da hidrovia em São Paulo.
As manobras seguirão até amanhã. Técnicos irão acompanhar a operação para analisar o comportamento dos peixes com a alteração no nível da água. Também há preocupação de manter a produção de energia elétrica. Se não houver interferência na vida aquática, os testes vão prosseguir até que o nível se eleve ao mínimo necessário para a passagem dos comboios com cargas.
Para aumentar o nível da hidrovia, os técnicos da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), que administra as hidrelétricas, vão reduzir a vazão entre 1,2 mil e 1,3 mil metros cúbicos por segundo. Com novo sucesso, a operação se tornará permanente e deverá recuperar o calado da hidrovia, que está em 30 centímetros, para 2,70 metros de profundidade.
Pressão
A operação ocorre após o governo do Estado de São Paulo ameaçar acionar judicialmente o ONS e a ANA para aumentar o nível dos reservatórios. A ANA foi notificada judicialmente e durante uma reunião realizada no dia 16 aceitou a proposta de redução e comunicou o ONS sobre a operação que também vai causar a redução de geração de energia elétrica nessas usinas.
O transporte na hidrovia foi paralisado na segunda quinzena de maio, causando, segundo o Departamento Hidroviário, o desemprego de 3,5 mil trabalhadores e prejuízos de R$ 706 milhões em logística com o transporte de soja, milho, celulose e madeira.
JcNet