O ano de 2014 foi bastante difícil para a atividade agrícola, de modo geral, em função da falta de chuvas. A estiagem, combinada com as altas temperaturas e a baixa umidade, produziram estragos irreversíveis para a agricultura, atividade muito sensível a qualquer anomalia climática. A produção de banana de Ediel Pardo foi drasticamente afetada pela seca. “A produção caiu muito e a qualidade da fruta também. Quando falta água, falta tudo!”, destaca.
Segundo o Engenheiro Agrônomo e Chefe da Casa da Agricultura de Ibitinga, Carlos Malosso, o reflexo deste cenário está sendo extremamente negativo. “Está causando um prejuízo enorme aos municípios e ao estado. Houve uma queda de mais de 50% em algumas culturas do município, o principal reflexo de tudo isso é a baixa produtividade,” explica.
João Minzoni perdeu 70% da produção de milho e os pimentões secaram e queimaram mesmo dentro da estufa. “A seca afetou demais e o sol está cada vez mais quente. É uma fase extremamente difícil, onde não temos o que fazer”, afirma.
Outro produtor de milho, Rodrigo Bilmaia, perdeu 60% da produção. Nos anos anteriores colhia, em média, 350 sacas por alqueire e este ano a colheita caiu para 150 sacas. “Sem a chuva houve muita queima na produção, pois mesmo com o solo molhado, não havia como proteger a parte da planta que não estava enterrada”, justifica.
Como as chuvas este ano começaram mais tarde do que se esperava, os plantios tiveram que ser feitos fora de época, tardios, além disso, o início da chuva está irregular. “Isso acabou comprometendo desde o início a produtividade da cultura, porque toda planta precisa da maior quantidade de luz possível e quanto mais demora, mais complica. Em função disso, vamos enfrentar mais um ano difícil, mas estamos esperançosos de que isso melhore”, avalia o técnico agrícola do Sindicato Rural, Valdecir Vasconcelos.
As áreas jurídica e técnica da entidade já atuaram na elaboração de laudos para a prorrogação de dívidas dos produtores, algo possível de ser pleiteado quando há uma grande perda da produção por condições climáticas. Para quem teve enorme prejuízo com a falta de chuva, o crédito agrícola ajuda.
Outro grande problema decorrente da estiagem é que um ano com pouca chuva, automaticamente, acaba comprometendo safras futuras. Jaime Antônio Inocente Sanches, produtor de laranja e cana-de-açúcar desde 1980, avalia duas grandes quedas, a primeira na safra que está acabando de colher e a segunda e, pior de todas, na safra que está por vir. “Houve outras secas, mas não como esta. Os pés de laranja estavam bastante folhudos, porque as secas eram momentâneas, mas este ano a situação se agravou. Não me lembro de ver uma seca deixar a planta tão debilitada como agora. Este é um problema em que não há o que fazer para minimizar impactos. A laranja mudou muito seu comportamento e nessa região, com certeza, não conseguiremos colher o ano que vem se não vier uma grande florada”, conclui.