Utilizado como alimento humano ou para ração animal, devido às suas qualidades nutricionais, o milho é um dos alimentos mais nutritivos que existem, contendo quase todos os aminoácidos conhecidos. Tem um alto potencial produtivo e é bastante responsivo à tecnologia.
Cultivado em diversas regiões do mundo, sendo os Estados Unidos o maior produtor mundial, o cereal, geralmente, é produzido de forma mecanizada, se beneficiando muito de técnicas modernas de plantio e colheita. O Brasil, grande produtor e ex-portador, tem somente cerca de 5% da produção destinada ao consumo humano e, mesmo assim, de maneira indireta, na composição de outros produtos. Isso acontece, principalmente, porque os hábitos alimentares da população brasileira privilegiam outros grãos, uma consequência, sem dúvida, da falta de informação e ausência de uma maior divulgação de suas qualidades nutricionais.
Segundo o técnico de apoio agropecuário, Luiz Carlos Sabbadini, antigamente o Posto de Semente de Ibitinga produzia milho hídrico, mas hoje faz só milho variedade, mais simples, que não precisa despendoar. “Também fazíamos amendoim, algodão, soja, arroz, feijão. Ultimamente só milho variedade e girassol são feitos aqui, em seguida são plantados em outros locais e trazidos para serem classificados no Posto de Semente. A semente é analisada, classificada e guardada. Conforme os pedidos, vamos ensacando e fazendo a distribuição”, explica.
Geralmente o milho é classificado com um ano de validade, depois que vence esse prazo uma nova análise verifica se ainda está bom para ser comercializado e, caso esteja ruim de germinação, é descartado. “Classificamos em torno de 200 a 250 toneladas ao ano do município. O que vem de outras regiões soma entre 500 a 600 toneladas”, afirma Sabbadini.
A utilização dos serviços do Posto de Semente, que inclui assistência e fiscalização, depende de um contrato assinado com o produtor. Todo um acompanhamento é realizado, desde o plantio até a colheita, para que o produtor siga as orientações técnicas corretamente.
Segundo o oficial operacional, Reinaldo Linhares, o produtor compra a semente, que muitas vezes é uma semente genética c1 ou c2, uma semente diferenciada, então esse campo é classificado, depois ele revende para agricultores que distribuem na Casa da Agricultura e em toda a região.
“Hoje em dia temos poucos cooperados em função de haver poucos funcionários, por isso, não temos condições de contratar campos. Esse ano estamos com cinco campos de milho na região e mais os campos que são de fora”, conclui Sabbadini.
De acordo com o IBGE 2013 a área plantada e colhida de milho foi de 3.200 hectares, sendo produzidos cerca de 14.760 toneladas. A safra 13/14 e a atual safra 14/15 de milho sofreram com a seca, causando muito prejuízo aos agricultores.
Perdas consecutivas
Segundo o técnico agropecuário do Sindicato Rural, Valdecir Vasconcelos, a safra 13/14, que se iniciou em agosto de 2013 e encerrou em maio de 2014, prejudicou não só a cultura do milho mais todas as culturas. “Houve casos de produtores rurais que perderam até 80% da produção outros perderam praticamente 100%. Em média a produtividade caiu 50%, porque não choveu o esperado entre dezembro e janeiro. E isso voltou a se repetir na safra 14/15. Estamos, portanto, vindo de duas safras consecutivas de baixo índice pluviométrico nos meses de dezembro e janeiro”, explica Vasconcelos.
O habitual seria que entre dezembro e janeiro chovesse uma média de 600 milímetros, mas o índice caiu para 200 milímetros. Antes, o produtor plantava em setembro, logo nas primeiras chuvas, agora está iniciando o plantio entre final de outubro e começo de novembro. “O milho está precisando de mais água em dezembro e janeiro, período de seu florescimento e da crenação das espigas. Quando falta, a perda é irreversível. Vi na safra passada coisas que nunca havia visto. Milho, quando falta chuva, requeima de baixo para cima e, nessas duas últimas safras, requeimou de cima para baixo de tão quente que era o sol e pela falta de água. Um prejuízo agravado em duas safras consecutivas”, avaliou o técnico.
O produtor Valdir Costa cultiva milho a cerca de três anos em uma área de três alqueires e acredita na rentabilidade da cultura, mesmo após a safra 2013 / 2014, na qual perdeu pratica-mente toda a produção devido a maior estiagem do estado de São Paulo dos últimos 45 anos. “Em contrapartida, na safra 2012/2013, minha produção foi de 200 sacas por alqueire. A safra 2014/2015 estimo que seja superior. Repassei a produção para um fazendeiro que provavelmente vai utilizar como ração”, finaliza Costa.