Ibitinga, Domingo, 24 de Novembro de 2024
Potencial energético do bagaço da cana ainda é pouco aproveitado no Brasil
Painel Viver, na próxima sexta-feira, discute a crise hídrica e energética nacional

Os 357 mil hectares de canaviais das 19 cidades da região de Ribeirão Preto poderiam fornecer energia elétrica, por um ano, para 2,8 milhões de residenciais por meio da queima do bagaço da cana-de-açúcar. Esse potencial, entretanto, é subaproveitado.

De acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o bagaço da cana-de-açúcar representa atualmente 6,9% da matriz energética brasileira.

Segundo o gerente de Bioeletricidade da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar), Zilmar José de Souza, o setor tem potencial para representar 27% da geração de energia nacional – praticamente quatro vezes a participação atual.

“Isso sem aumentar a plantação, apenas com o que já é produzido em todo o país”, afirma. Conforme o A Cidade mostrou em fevereiro do ano passado, a produção efetiva de energia elétrica das usinas da região de Ribeirão Preto foi sete vezes menor do que o potencial em 2012.

“Todo o setor está enfrentando dificuldades muito grandes – o governo priorizou o combustível fóssil e deixou a energia renovável de lado”, afirma Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente da Ceise (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis).

Segundo Tonielo, apenas 40% das usinas brasileiras vendem energia elétrica do bagaço de cana. “Os 60% restantes não produzem, principalmente, pelos custos de investimentos nas linhas de transmissão e conexão”.

Cabe ao produtor da energia os custos de se interligar ao sistema. Em média, cada quilômetro de linha de transmissão custa R$ 1 milhão. Em alguns casos, é necessário investir também na construção de uma subestação de energia e promover a conexão.

E para o investimento valer a pena, é necessário ter segurança a longo prazo (leia mais ao lado), principalmente sobre a política em relação ao etanol.

“Com a energia que geramos em 2014 por meio do bagaço da cana, poupamos 8,3 toneladas de CO2 despejados das termoelétricas e economizamos 13% da água da geração das hidrelétricas”, diz Zilmar. 
Além disso, a energia do bagaço pode ser até sete vezes mais barata que a das termoelétricas, aliviando o bolso da população com a redução das tarifas.

Dobradinha energia e cana na Fenasucro

A geração de energia por meio do bagaço da cana-de-açúcar é a aposta da 23ª edição da Fenasucro e Agrocana, maior feira mundial do setor sucroenergético, para driblar a crise.

Pela primeira vez haverá um setor voltado exclusivamente para a geração de energia. “A indústria de base da região de Ribeirão produz tecnologia de ponta, mas há um desânimo em investir devido à situação de incerteza do setor. Entretanto, estamos esperançosos”, diz Antonio Eduardo Tonielo, da Ceise.

O evento será realizado de 25 a 28 de agosto, em Sertãozinho, e a expectativa é que gere R$ 2,8 bilhões em negócios. 

Análise - Política de longo prazo e regras claras

O professor da USP e especialista em infraestrutura Francisco Anuatti explica que a produção de energia por meio do bagaço-da-cana é consequência do principal objetivo dos canaviais: a produção de etanol e açúcar.

Sobre o etanol, conta que o Governo Federal precisa ter políticas claras e de longo prazo e critica, principalmente, a manipulação dos preços da gasolina nos últimos anos, prejudicando a venda do etanol.

Diz, ainda, que os leilões de contratação de energia do Governo Federal precisariam ser mais competitivos para a energia do bagaço.

Agenda Ribeirão

O painel Viver será realizado nesta sexta-feira (24), discutindo a crise hídrica e energética. O convidado é o engenheiro Antônio Félix Domingues, da ANA (Agência Nacional de Águas).

O evento tem início às 8h30, no auditório Meira Júnior, localizado no Theatro Pedro 2º. Para confirmar sua participação, é preciso se inscrever pelo site do Agenda Ribeirão.

FONTE: A Cidade

Arte / A Cidade
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