Com o lema "Incêndio é diferente de queima controlada", a campanha de conscientização e prevenção a incêndios nas lavouras canavieiras, lançada nesta quarta-feira (15/7), em Ribeirão Preto (SP), atingirá uma região responsável por 44% da área de 4,5 milhões de hectares com cana-de-açúcar de São Paulo.
Maior produtor mundial da cultura, com 345 milhões de toneladas colhidas por ano, o Estado já tem cerca de 90% da área colhida com máquinas e acabará, até 2017, com a queima controlada da cana para a colheita manual da matéria-prima. Mas no período de estiagem, como agora, são comuns incêndios acidentais ou criminosos.
A campanha é coordenada pela Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto (ABAG/RP), por um grupo de usinas e de associações de produtores e foi lançada nesta quarta-feira em um evento na cidade do interior paulista com a participação do corpo de bombeiros, da polícia ambiental, Cetesb eMinistério Público.
Com um custo de R$ 120 mil - valor pequeno frente aos milhões de reais em perdas com queimadas acidentais ou criminosas de lavouras a serem colhidas por máquinas, ou ainda de áreas com palha de cana após a colheita - a campanha segue até outubro, quando a estiagem no Estado diminui.
União
São dois anúncios de televisão, dois spots radiofônicos, anúncios em jornais, outdoors nas cidades e placas em lavouras, e ainda mensagens em ônibus e caminhões-pipa de usinas. Serão também distribuídas 120 mil cartilhas a estudantes em 93 escolas de 36 municípios da área de atuação da Abag/RP.
"É a união do setor para despertar a população dos prejuízos, mostrar a diferença do incêndio e da queima controlada e para ampliar os canais de comunicação", disse Marcos Matos, diretor-executivo da ABAG/RP. As unidades de produção dos grupos sucroenergéticos e ainda das associações de produtores que apoiam a campanha terão técnicos para ministrar palestras, bem como treinar ou ajudar a formar brigadas municipais de combate aos incêndios.
A campanha é uma extensão do trabalho de controle aos incêndios em lavouras de cana já feito pelas usinas, principalmente após as restrições em São Paulo à queima da palha da cana para a colheita manual. Com 97% da cana colhida de forma mecânica, dois dos maiores grupos sucroenergéticos do País - Raízen e Biosev - relatam grandes prejuízos e possuem equipes especializadas no combate aos incêndios.
Segundo Antonio Fernando Lima, diretor de produção agrícola da Raízen, a companhia possui 1,7 mil funcionários, 170 caminhões, torres e câmeras de monitoramento para o controle de incêndios em lavouras de suas 24 usinas, das quais 22 em São Paulo. "Essa equipe que hoje combate e controla o incêndio é justamente a que trabalhava na queima controlada da cana-de-açúcar quando a colheita era manual", disse Lima.
Já o diretor de Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Competitividade da Biosev, Reginaldo Sabanai, afirmou que a equipe de 350 pessoas com 50 equipamentos de combate aos incêndios em lavouras atua principalmente em áreas próximas às cidades, onde surgem os principais focos de incêndios em canaviais.
Globo Rural