Diferente do ano civil, que começa em janeiro e termina em fevereiro, o ano agrícola começa neste sábado, com o início do mês de agosto, e só termina em julho do ano que vem. O calendário próprio do setor objetiva a preparação da terra para o plantio e um melhor aproveita-mento do período de chuvas para o desenvolvimento das plantações, principalmente entre dezembro e janeiro, meses que, historicamente, correspondem a 50% do volume do período agrícola.
Como a análise dos dois últimos anos safras agrícolas mostra que o índice pluviométrico tem caído de forma expressiva, a expectativa do produtor para a safra 2016 é de que as aguardadas chuvas de verão sejam retomadas e possibilitem a manutenção da produtividade, ainda que o cenário seja desfavorável.
Dados de institutos oficiais de meteorologia, como o de pesquisa da Universidade de Bauru – UNESP apontam para uma queda significativa de chuvas. Em média, nos últimos 30 anos, chovia 1800 mm a 2000 mm ao ano, o que representa 2000 metros de água por metro quadrado. Mas nos últimos anos têm chovido 1200 mm a 1300 mm. Em alguns anos o índice chegou a ficar abaixo de 1000 mm, o que corresponde a uma diminuição de 50% de água.
Um dos agravantes identificados nas duas últimas safras agrícolas - 13/14 e 14/15 -, além do retardamento do início das chuvas que antigamente começava em setembro e hoje em dia começa em outubro ou novembro, é a queda no volume de chuva nos meses de dezembro e janeiro, quando os dias são mais longos e as noites são mais curtas, um período de maior fotoperiodismo (maior hora luz e temperatura mais alta) indispensável para o desenvolvimento da planta, justamente a fase em que ela precisa de mais alimento.
O reflexo negativo da diminuição do índice pluviométrico nos últimos 10 anos, principalmente nos meses de dezembro e janeiro, aparece acompanhado pelo aumento da temperatura. Em 2015, houve registro de temperatura de 32 graus a noite. Com o agravamento da crise pluviométrica, algumas localidades chegaram a registrar apenas 50 mm a 100 mm de chuvas. E todas as culturas são afetadas pelo aumento da temperatura e a queda no índice de chuvas. O resultado, consequentemente, foi dramático para a agricultura. Safras de milho completamente perdidas, quebra de mais de 30% nas culturas do amendoim e da cana de açúcar também são exemplos.