As comemorações do Dia 13 de maio, data da abolição da escravatura no Brasil, completa cem 100 em Ibitinga. A data começou a ser comemorado em Ibitinga em 1911, e em sua maioria, as manifestações de alegria, e de religiosidade eram comemoradas por negros e seus descendentes. Na última quinta feira 12, às 20 horas, uma placa comemorativa foi inaugurada na praça São Benedito, em homenagem a abolição da escravatura no Brasil.
Na ocasião, compareceram o prefeito municipal, Marco da Fonseca, a primeira Dama, Elenice Fonseca, o vice-prefeito, Dr. Wanderley Racy, os secretários municipais e o vereador Valter Donizete Parra. Também esteve presente na inauguração da placa comemorativa, o coordenador da Festa de São Benedito, Ítalo Moreali, que está há 40 anos a frente da coordenação do evento. “Quando eu tinha quinze anos, a Sra. Maria Olívia Custódio, que era a coordenadora do evento, me transferiu a coordenação, isso em 1970. A partir de 1971, eu comecei a organizar toda a festa e de lá pra cá, muito foi feito, e nós estamos aqui”, explica Ítalo.
Na inauguração da placa, também esteve presente da Banda Municipal Inácio Correa de Lacerda. A população também compareceu para prestigiar o evento. Na ocasião, o secretário de Cultura, Gleison Landim comentou a importância da data para Ibitinga. “Realizarmos a comemoração do centenário das festividades do dia 13 de maio, é para nós, mais do que uma felicidade, é um compromisso, e um respeito com a comunidade negra e com toda a população, que por cem anos, construiu essa grandiosa festa”, explicou Landim.
Dia 13 de maio em Ibitinga
Ítalo Moreali também lembrou no evento, que a antecessora, a Sra. Maria Olívia Custódio, era uma mulher simples, negra e que comandou o evento muito bem, até que decidiu deixar este trabalho com Ítalo, que morava perto dela e sempre estava participando das festividades. “Antes, era uma comemoração muito prestigiada pela comunidade negra, que também antigamente era muito descriminada, e então no dia 13 de maio, eles comemoravam e cantavam. Algumas vezes eles saiam em cima de um caminhão cantando e tocando instrumentos pela cidade. Agora é bem diferente”, comenta Moreali.
No discurso de inauguração da placa, Itálo não só lembrou do centenário, mas também de alguns personagens desta história. Na ocasião ele lembrou do antigo padre da cidade, Eutimio Ticianelli, onde através dele, em uma conversa informal, tiveram a iniciativa de introduzir a quermesse na festa, onde ai nasceu a festa de São Benedito, em 1986.
Em 1911, quando começou as comemorações do dia 13 de maio, a cruz era localizada em outro local, onde hoje está localizada a escola Dr. Victor Maida, na rua Bom Jesus.Segundo Ítalo, em 1950, houve a mudança de local das comemorações, e foi transferida onde hoje é comemorada, na Praça São Benedito. Itálo lembra que a mudança ocorreu devido a construção da escola.
Na mudança de local, uma nova cruz foi inserida, e segundo Moreali, pelo arquiteto, Rosalbino Tucci, na qual até hoje, a cruz permanece até hoje no local. A cruz tem um grande significado para as comemorações do dia 13 de maio. “A cruz, na religiosidade é um simbulo da libertação dos pecados. Os negros interpretavam a cruz com um símbolo da libertação da escravatura”, explicou Ítalo.
Moreali também explicou que as comemorações em 1911, começavam no dia 12, e seguiam até o fim do dia 13. Segundo Moreali, na ocasião, a festa era regada a rapadura, cachaça, e feijoada, além da forte religiosidade representada nas orações que antecediam a festa. A música típica da representatividade de alegria, também era presente, como em toda comemoração da comunidade negra da época.
Em 1986, a festa ganhou barracas típicas de quermesse, passou a se chamar Festa de São Benedito. Desde então parte da renda, passou a ser destinada para a Associação Bom Jesus. No Brasil a abolição dos escravos aconteceu em 1888, através do decreto da princesa Isabel de Bragança. O decreto passou a ser conhecido como a “Lei Áurea”.