O Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) divulgou reestimativa para a safra 2015/ 2016 de laranja no estado de São Paulo e Triângulo Mineiro e manteve a estimativa feita em maio de 278,9 milhões de caixas de 40,8 quilos. O levantamento se refere ao principal cinturão citrícola do país, que engloba 323 municípios paulistas e 26 mineiros. Cerca de 56 milhões de caixas de laranja das variedades precoces Hamlin, Westin e Rubi foram colhidas até o momento, o que representa mais de 80% do estimado para estas variedades.
A Associação Nacional do Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) calcula que desse total, 30 milhões de caixas sejam absorvidas pelo mercado interno para o consumo de frutas in natura, restando 248,9 milhões de caixas para processamento por todas as indústrias associadas e não associadas, valor 13% maior do que o estimado em maio de 2015.
O processamento de laranja da safra 2015/2016 começou no final de junho no Estado de São Paulo. Nos anos anteriores, a moagem começava em maio, no máximo em junho, para o recebimento das frutas pertencentes às variedades precoces. A seca registrada no ano passado retardou a maturação e consequentemente, a data de abertura das fábricas.
Apesar da variação climática, o cenário para o segmento ainda é o mais favorável ao produtor dos últimos anos. A estimativa é que os preços pagos ao produtor independente (a maioria condicionado ao valor de venda do suco de laranja no mercado internacional ou rendimento) serão melhores do que em safras passadas. Ainda assim, segundo o presidente do Sindicato Rural de Ibitinga e extensão de base em Tabatinga, Frauzo Ruiz Sanches, o momento permanece difícil para o citricultor. “O preço mínimo não cobre os custos de produção, na melhor das hipóteses empata com o custo e esse valor ainda não é o bastante para o produtor recuperar os prejuízos acumulados nos últimos anos, mas as expectativas, em função da redução de estoque de suco e queda de produção nos EUA e Brasil, é de melhora para as próximas safras”, explicou.
Falta de perspectiva
O citricultor Alexandre de Moraes dos Santos atualmente cultiva a variedade precoce e, em decorrência da seca do ano passado, registrou uma queda de 60% na produtividade. “Vejo como o maior problema o rendimento de 250 a 280 toneladas e a precoce de 350 a 500 toneladas”, avalia.
Outro fator que prejudicou bastante os citricultores na safra 2015/2016 foi à elevada incidência de doenças, principalmente o Greening. Segundo o produtor Cleverson Santesso, todos os pomares estão com a produção muito baixa e o custo de produção está muito alto. “O citricultor deixou de investir em adubação e houve a redução da produtividade. Os preços este ano até que foram bons, mas não representam nada por causa da produção baixa, não resolve. A maioria dos produtores não tem perspectiva de melhora, já erradicaram boa parte da sua propriedade e arrendaram para cana-de-açúcar e, em um futuro próximo, pretendem erradicar o pouco de laranja que ainda resta”, enfatiza.