Mais de 40 trabalhadores rurais de Itapuí (44 quilômetros de Bauru) e Boraceia (41 quilômetros de Bauru) estão sem receber o pagamento referente ao mês de novembro que deveria ter sido feito entre os dias 10 e 12 de dezembro. A segunda parcela do 13.º salário que deveria ter sido paga até o dia 20 de dezembro também não foi paga. A empresa terceirizada Terra Massape Serviços Agrícolas Ltda alega que, sem receber da Usina Tonon, de Bocaina, não tem como pagar os trabalhadores.
A denúncia foi feita nessa segunda-feira (28) pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais que representa as duas cidades. Segundo o presidente da entidade, Daniel Ramos de Oliveira, a categoria está passando necessidades e humilhações.
A empresa terceirizada de Bocaina reúne trabalhadores de Itapuí e Boracéia. “Já está vencendo o segundo mês de pagamento que deve ser feito em janeiro. Porém, eles estavam com programação de demitir o pessoal nos dias 21 ou 22, com aviso retroativo. Não permitimos porque iria pegar o trabalhador de surpresa. Não tinha nada assinado. Eles tiveram que renovar e dar um novo aviso. Os trabalhadores estão de sobreaviso que serão demitidos a partir de 14 de janeiro”, comenta.
‘À deriva’
Oliveira lembra que a Terra Massape entregava cana na usina Tonon que já encerrou a safra. “Eles estão entregando em outra com a promessa que vão fazer o pagamento. O problema é que eles não trabalham para as usinas e sim para a terceirizada, que é uma prestadora de serviços. A Tonon entrou com pedido judicial, eu creio que pedido de falência, deixando os trabalhadores à deriva. Os trabalhadores não têm como comprar comida”.
Em 180 dias
Um dos proprietários da empresa terceirizada Terra Massape Serviços Agrícolas Ltda, Flávio Zorzeto afirma que os pagamentos só serão feitos em 180 dias. Ele alega que está tentando sair da empresa desde outubro do ano passado porque tem divergências com o seu irmão, que está com a turma de trabalhadores. “O responsável pela turma é meu irmão, que pegou meu lugar na empresa. Eu sou o dono, mas quero sair. Inclusive por essas divergência. Nós tínhamos um contrato que a usina cortava a cana, mas meu irmão fez mudar o contrato. Fomos cortar a cana e assumimos todo o risco. Agora como faz?”, questiona.
Ele alega que a usina Tonon entrou com o pedido de recuperação judicial e não pagou. “Se não recebemos, não temos como pagar os trabalhadores. A única receita da Terra Massape é da usina Tonon Bioenergia. Vamos ao Fórum de Jaú e conversar com o juiz. Ele que vai homologar a recuperação judicial. Nós estamos atrás disso também”.
“O próximo mês eles vão pagar em dia, conforme o plano apresentado pela empresa na recuperação judicial. O que ficou para traz eles terão 180 dias para começar a pagar. Aguardaremos a Justiça”, complementa.
Zorzeto alega ainda que a Tonon já não paga faz muito tempo. “Por mim, eu não teria turma. Faz quatro anos que eles atrasam todos os pagamentos. Ficam cinco meses sem pagar e, agora, desta vez secou mesmo”.
O JC tentou falar com a Usina Tonon Bioenergia e foi informado que a diretoria e a maioria dos funcionários estão em férias coletivas. E-mail foi encaminhado, porém, sem resposta até o final dessa segunda (28).
JcNet