Na última semana, entre os dias 11 e 12 de janeiro de 2016, o município de Ibitinga registrou o maior volume de chuvas do Brasil em 24 horas. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), entre 10 horas do dia 11 e 10 horas do dia 12 de janeiro choveu 115,4 milímetros, o equivalente a 115,4 litros de água por metro quadrado. Em algumas áreas do município, o volume de chuva chegou a 122 milímetros. Foi o maior volume de chuva acumulado no Brasil neste período.

   A chuva está sendo prolongada e generalizada sobre o Estado de São Paulo desde o último final de semana e, em Ibitinga, a previsão é que se estenda até a próxima segunda-feira, dia 18 de janeiro.

   Em algumas regiões do município choveu mais de 400 milímetros em apenas uma semana, quase o dobro do esperado para o mês. No ano de 2015 foi registrado mais de 1.800 milímetros de chuva, índice superior à média do município, de 1.250 milímetros.  Com os índices pluviométricos acima do esperado, os danos não só em Ibitinga como em toda região aparecem como rodovias interditadas, rompimento de barragens e pontes, alagamento ou transbordamento de rios em diversos pontos como do rio São Lourenço que durante esta semana levou à interdição da rodovia de ligação entre Tabatinga e Itápolis. A rodovia de ligação entre Ibitinga a Itápolis em diversos momentos também esteve a ponto de ser interditada devido ao alagamento do rio São Lourenço, que chegou às margens do acostamento e e com a água atingindo a face inferior da ponte.

  Segundo informações da AES Tietê, o volume de água que passa pelas turbinas da usina de Ibitinga é de 700 m³/s. Com as comportas abertas, a vazão atual da usina é de 2.900 m³/s. A geradora esclarece que a abertura das comportas é um procedimento de segurança padrão para todas hidroelétricas do país, realizada para controle do nível do reservatório. Antes do início da abertura, é feita uma inspeção visual na saída das comportas e há toque de sirene para avisar a população. Essa abertura ocorre de forma gradativa para que a vazão da água seja liberada dentro do fluxo adequado para operação de cada usina, reforçando a segurança para os moradores da região e atendendo as normas do setor elétrico.

Benefícios para a agricultura

  Para os produtores rurais do município, a chuva é bem vinda. Após dois anos em que a agricultura sofreu muito com a escassez de chuva, principalmente em janeiro, quando o ciclo de várias culturas necessita muito de água, esse período chuvoso é considerado benéfico.

  Segundo o associado do Sindicato Rural de Ibitinga e extensão de base em Tabatinga (SR), João Minzoni, sua produção de milho está 'espetacular', por causa da chuva leve e contínua. “Fazia tempo que não chovia desse jeito e, graças a Deus, essa chuva veio aumentar a quantidade de água das minas e rios, que vem sofrendo com a escassez de chuva”, afirmou. Ademir Aparecido Ferreira Manduca, outro produtor associado da entidade, também avalia positivamente a chuva. “Está sendo boa, a única preocupação é com as possíveis erosões que possam surgir em decorrência do alto  índice de chuva, mas mesmo assim a chuva continua sendo bem--vinda pararecuperar os rios”, avaliou.

  O presidente do Sindicato, Frauzo Sanches, também aponta para o benefício da regularização das chuvas. “A falta de água foi um problema muito sério enfrentado na região, assim como em todo o estado, nos últimos anos. Tivemos um dos períodos mais secos de toda história, que afetou a produção, a produtividade e gerou dificuldades de tocar as propriedades e ter rentabilidade, além da falta de água para o abastecimento público, como ocorreu na grande São Paulo. A expectativa é que a recuperação natural do ciclo das águas restabeleça a capacidade produtiva e recupere nascentes e poços d'água”, pontua Sanches, alertando também para outra preocupação do setor: a conservação e recuperação das estradas rurais. “Com toda essa chuva, este é um ponto que demanda ainda maior atenção. Na terça-feira, dia 12, a diretoria do Sindicato Rural se reuniu com o Secretário de Agricultura, Francisco Grillo, e o vereador Gumercindo, em busca de soluções neste sentido”, relatou o presidente da entidade.