A estimativa do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) para este ano é de R$ 512,9 bilhões, de acordo com dados de março apurados pela Secretaria de Política Agrícola (SPA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Do total, a agricultura é responsável por R$ 336,7 bilhões (65,6%) e a pecuária, 176,2 bilhões (34,4%). O VBP representa o fatura-mento dos principais produtos agrícolas dentro da porteira.
Pela estimativa de março, o valor recuou 0,1% em comparação com o de 2015, de R$ 513,2 bilhões. A expectativa para este ano é de aumento de 1,8 % no faturamento das lavouras e de queda de 3,3 % no da pecuária. A Coordenação-Geral de Estudos e Análises da SPA ressalta que as informações da pecuária são muito preliminares e alguns dados sobre abates se referem ao ano passado.
No grupo de produtos que vêm obtendo melhor resultado este ano destacam-se a banana, com aumento real do VBP de 18,5 %; a batata-inglesa (+12,7%); café (+17,9 %); feijão (+5,2%); mamona (+25,8%); milho (+5,8%); pimenta do reino (+8,9%); soja (+8,4%); trigo (+10,3 %) e maçã (+11,2%). Esses dez produtos representam 67% do VBP de 2016. A soja tem uma estimativa de faturamento de R$ 119,9 bilhões, o equivalente 35,6% do VBP das lavouras.
Segundo a SPA, as estimativas deste mês refletem parte do impacto da seca e de excesso de chuvas nas principais regiões produtoras do país. A produção de várias lavouras e a de frutas foi prejudicada. Os relatos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram alguns desses efeitos. O prejuízo da fruticultura foi detalhado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP.
Os valores por região continuam apresentando a liderança do Sul (R$148 bilhões), seguida pelo Centro-Oeste (R$ 144,4 bi) e Sudeste (R$ 134,8 bi). Em seguida, aparecem o Nordeste, com R$ 48,8 bi, e o Norte, com R$ 29,6 bi.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Ibitinga e extensão de base em Tabatinga, Frauzo Sanches, recai sobre o agronegócio a responsabilidade por, diante do cenário de crise, a situação do país não estar ainda pior. “O agronegócio foi fundamental no ano de 2015 e em 2016 será ainda mais importante para amenizar a crise ainda mais profunda que temos pela frente. O setor gera quase 40% dos empregos no país, foi um dos poucos que se manteve estável em alguns casos gerando saldo positivo de contratações, quando temos no momento mais de 10 milhões de desempregados. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2015 a taxa foi de 8,5%, a pior desde 2009, e este ano deve ser ainda maior”, destacou Sanches. Para o presidente da entidade, o agronegócio é a mola propulsora da economia, pois gera alimento, energia, emprego e renda, ajudando internamente a controlar preços que influenciam diretamente nos índices de inflação. “Os preços foram muito pressionados no ano passado pelos absurdos reajustes em tarifas públicas como energia e combustíveis fósseis como gasolina e diesel e, na sequencia, todas as demais cadeias, pois são itens básicos e de grande peso em algumas cadeias de produção de alimentos. Os sucessivos saldos positivos e recordes na balança comercial, que trazem recursos ao país, ajudam muito na balança comercial total”, afirma.
Segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), no mês de fevereiro de 2016, comparado com o mesmo período em 2015, o país exportou 37% a mais em volume e 58% a mais em valor financeiro. “Este ano o setor do agronegócio deverá bater novo recorde de saldo na balança comercial, ajudando, e muito, a trazer recursos que vão gerar emprego e renda em um momento crítico para o país e as pessoas”, finalizou.