Causada por vírus, que pode acometer todos os mamíferos, inclusive o homem, a raiva é um risco à saúde pública e provoca graves prejuízos à pecuária. O principal transmissor para os herbívoros (animais que se alimentam de plantas) é o morcego hematófago (morcegos que se alimentam de sangue) da espécie Desmodus rotundus. A forma mais fácil de identificar uma colônia de morcego hematófago é observando as fezes desses animais no chão, elas tem aspecto de sangue digerido e cheiro for-te.
Os principais sintomas da doença são mudança de comportamento, dificuldade de se alimentar e salivação excessiva, falta de coordenação motora, andar cambaleante, paralisia progressiva, decúbito (deitado), asfixia e morte, que ocorre geralmente entre três a 6 seis dias após o início dos sinais. Uma vez iniciados os sinais clínicos da raiva, nada mais resta a fazer, a não ser isolar o animal e notificar a Defesa Agropecuária para coleta de material para diagnóstico.
Em 2014, Ibitinga e Tabatinga foram surpreendidas com o registro de casos da doença no rebanho bovino e, no ano passado, com a confirmação do primeiro caso em equino dos últimos 10 anos. As ocorrências exigiram a atenção das autoridades e a conscientização da população rural para a busca nas propriedades por focos do morcego hematófago, transmissor da doença, além da vacinação do rebanho, como medida preventiva “Em 2016 não há mais relatos de animais que desenvolveram a doença, porém, os morcegos transmissores continuam a atacar e a melhor forma de prevenir é através da vacinação, que pode ser feita em bovinos, equídeos, ovinos e caprinos acima de três meses de idade e, principalmente, em propriedades onde os animais são mordidos por morcegos hematófagos. Os animais vacinados pela primeira vez devem receber outra dose de reforço após 30 dias. Nos municípios que ocorrem casos de raiva frequentemente, o rebanho deve ser vacinado pelo menos uma vez ao ano”, explica o veterinário do Sindicato Rural de Ibitinga e extensão de base em Tabatinga, Mauro Figueiredo,
Por orientação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), os estados podem legislar sobre a necessidade de vacinação, que é compulsória apenas quando há ocorrência de focos da doença. Em Ibitinga os locais onde a vacina pode ser adquirida são Crisfarma e Coopercitrus.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural, Luiz Flávio Pinheiro, é importante o produtor e proprietário rural estarem conscientes da importância de entrar imediatamente em contato com a Coordenadoria de Defesa Agropecuária, ao se deparar com uma colônia, pois eles têm equipe treinada para manusear o animal. “Se na propriedade rural houver animais com suspeita de raiva, mordidos por morcegos ou possíveis abrigos de morcegos hematófagos (como casas abandonadas, porões, bueiros, cavernas e outros), a Defesa Agropecuária precisa ser notificada”, enfatiza o presidente.
Histórico na região
Em 18 de agosto de 2014, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) confirmou o primeiro caso de raiva bovina em Ibitinga, após a morte de um animal no bairro Correguinho. A CDA, em parceria com o Sindicato Rural, realizou um trabalho de fiscalização de propriedades e identificou colônias ativas de morcegos na região do bairro Matãozinho e na antiga pousada da CESP. Alguns morcegos foram capturados e o controle realizado. Até outubro de 2014, outros quatro animais resultaram positivos nos bairros Correguinho, Coqueiros e Marimbondo.
Em fevereiro de 2015, a Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo, Regional de Jaboticabal, confirmou a ocorrência em Ibitinga do primeiro caso de raiva em equinos dos últimos 10 anos, no bairro Monte Alegre. O equino, uma fêmea de aproximadamente um ano e quatro meses, mostrou-se inicialmente isolado, quieto, sem apetite e logo apresentou leve falta de coordenação motora. No prazo de seis dias a falta de coordenação agravou-se e o animal foi levado para o hospital veterinário da Unesp de Jaboticabal, onde foi colhido material, enviado para diagnóstico no Instituto Pasteur e confirmado resultando positivo para raiva.