No ano passado, o agronegócio representou 21,5% do Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB), o maior percentual desde 2008. Enquanto o PIB do país caiu 3,8%, o do agronegócio nacional, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), subiu 0,4%. Para 2016, a estimativa é que o país registre nova queda, e o agronegócio se mantenha em alta, pois no primeiro semestre, o crescimento foi de 2,45%. Entre os ramos do agronegócio, no entanto, o melhor resultado está na agricultura porque a pecuária recuou 0,14%, segundo cálculos do Cepea / CNA.
Para a bovinocultura de corte, especialmente, os desafios com o custo elevado da ração e a demanda enfraquecida pela inflação e pelo desemprego em alta, foram determinantes. Para completar o cenário desfavorável, que segundo a Scot consultoria, se apresenta desde 2014, no mercado ex-terno, a desvalorização do dólar deixou a carne brasileira menos competitiva. No acumulado, desde outubro de 2012, os preços do boi e do bezerro ainda registraram alta maior do que os custos e inflação, mantendo saldo positivo em termos de mercado.
Para o associado do Sindicato Rural de Ibitinga e extensão de base em Tabatinga (SR), Osmar Innocente, que trabalha com cria, recria e engorda, a rentabilidade é boa, apesar das dificuldades. “O gado de corte perdeu muito em relação a outras culturas como laranja e cana-de-açúcar, mas 50% de minhas terras são de gado, esta é a herança dos meus filhos, e espero que continue nesse caminho”, afirmou.
IBGE
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país abateu 7,63 milhões de cabeças de bovinos no segundo trimestre de 2016, montante 4,5% maior do que o registrado no trimestre anterior e praticamente estável em relação ao mesmo período de 2015. O abate teve redução em 12 das 25 Unidades da Federação que participam da pesquisa.
As reduções mais expressivas ocorreram em Minas Gerais (-98,52 mil cabeças) e São Paulo (-34,47 mil cabeças), enquanto os maiores aumentos ocorreram em Rondônia (+81,48 mil cabeças), Mato Grosso (+48,63 mil cabeças) e Mato Grosso do Sul (+ 36,83 mil cabeças). O Mato Grosso). permanece na liderança do abate de bovinos, seguido por Mato Grosso do Sul e Goiás.
Segundo o pecuarista e tesoureiro do Sindicato Rural, Luiz Antônio Rodrigues, a expectativa de 2016 não tem sido muito boa, embora o valor do boi gordo esteja se mantendo há dois anos e o mercado de reposição esteja com os preços estáticos. “O cenário tem sido de estabilidade, durante alguns anos, com o preço do boi gordo em torno dos R$ 150 reais a @, porque mesmo com o consumo baixo a oferta do boi pronto estava escassa, caso contrário, o declínio seria maior”, enfatizou.
Nairo Miguel, um dos proprietários da Agropecuária Miquilino, comenta em detalhes a desaceleração. “O ano de 2016 começou com pecuaristas bem animados e muitas expectativas em relação ao mercado do boi gordo e mercado de reposição, mas no final não está sendo tão bem sucedido para pecuária. Começou com muita força e depois foi enfraquecendo. Muita coisa aconteceu e influenciou o mercado. A grande crise que o Brasil enfrenta é responsável por esse problema. Com a taxa de desemprego muito alta e a falta de poder aquisitivo o brasileiro trocou a carne bovina por frango, ovo, etc. A queda no consumo interno provocou uma crise frigorífica tremenda, que deixou todos nós assustados. Sem saída, alguns frigoríficos fecharam as portas. A falta de chuvas e o mercado do boi andando de lado fez com que a reposição também enfrentasse maiores desvalorizações. E em relação a animais terminados em confinamento a coisa ficou mais complicada, pois a alta nos preços dos grãos, essenciais na dieta do boi em confinamento, acarretaram em maior dificuldade na hora de fechar a conta”, explicou o pecuarista.
Mercado atual
No Estado de São Paulo, a relação de preços para a arroba do boi gordo está regular, porém, são observadas tentativas de pagamentos até R$2,00/@ abaixo da marca.
De acordo com os dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, até a terceira semana de outubro, o Brasil exportou 57.400 toneladas de carne, média de 4.100 toneladas, o que representa um retrocesso de 20,7% em relação ao mesmo período do ano passado e 7,5% na comparação com o mês anterior (setembro).