Os sem-terras que ocupavam desde a manhã de segunda-feira (17) a Fazenda Santo Henrique, em Borebi (45 quilômetros de Bauru), pertencente à Cutrale, uma das maiores produtoras de laranja do mundo, deixaram a propriedade nessa terça-feira (18) em cumprimento a mandado de reintegração de posse.
Conforme divulgado ontem pelo JC, cerca de 120 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), entre homens, mulheres e crianças, entraram na fazenda por volta das 6h.
O grupo permitiu que os funcionários que encerravam o turno de trabalho deixassem o local. Já os trabalhadores que chegavam foram impedidos de entrar na fazenda.
Às 18h15, o movimento foi notificado sobre ordem judicial que determinava a desocupação voluntária em 12 horas. Ontem, por volta das 15h, as famílias deixaram a propriedade pacificamente.
Os sem-terras defendem que a área de 2.500 hectares onde está a Fazenda Santo Henrique trata-se de terra pública do antigo Núcleo Colonial Monção utilizada indevidamente pela Cutrale.
A empresa, por sua vez, alega que possui toda a documentação e as escrituras que comprovam a posse legal da propriedade.
Segundo a Cutrale, que lamentou a nova ocupação, a Fazenda Santo Henrique "é altamente produtiva e está totalmente dentro da legalidade brasileira".
INQUÉRITO
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar eventuais crimes relacionados à ocupação, entre eles furto, dano e formação de quadrilha ou bando, e acionou a Polícia Científica para realizar perícia na fazenda.
Em nota, a Cutrale informou que os sem-terras picharam alguns muros e arrombaram fechaduras de alojamentos, refeitório, barracão de defensivos e escritório comumente usado por funcionários da empresa.
"Os colaboradores da unidade ficaram impedidos de trabalhar e produzir, o que acarretará em prejuízos", declara. Segundo a empresa, esta foi a oitava vez que a unidade foi invadida pelo MST.
Em setembro de 2009, o Helicóptero Águia da Polícia Militar (PM) gravou imagens de um trator derrubando 12 mil pés de laranja. O prejuízo, na época, ultrapassou R$ 1 milhão.
JcNet