Impulsionado por obras residenciais, o setor de construção civil cresceu 2,7% em julho em relação a junho e passou a operar no maior nível desde dezembro de 2017, superando o pré-pandemia, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Dados da pesquisa mostram que a construção civil sofreu o choque inicial das medidas de isolamento em março, quando recuou 4,6% frente a fevereiro, com ajuste. Em abril, no pior momento, o setor recuou 16,4%. Desde então, o setor cresceu 17,4% em maio, 7,8% em junho e mais 2,7% em julho.
Segundo Leonardo Mello de Carvalho, pesquisador do Ipea e autor dos cálculos, o comércio de material de construção está entre os setores que conseguiram manter minimamente suas atividades durante o período de maior isolamento social.
“Podemos citar como um dos fatores para o resultado os efeitos do auxílio emergencial”, disse, referindo-se à destinação do benefício de R$ 600 pago pelo governo para reformas residenciais. “Além disso, as construções imobiliárias que já estavam em andamento tiveram continuidade.”
Na comparação a julho do ano passado, a construção civil cresceu 3,3%. No ano, porém, ainda acumula baixa de 3,6%.
Outras fontes têm corroborado a leitura do Ipea. O nível de atividade do setor registrou 51,4 pontos em agosto, maior nível desde junho de 2011 - o indicador varia zero a cem, sendo que resultados acima de 50 sinalizam para aumento da atividade.
Mesmo nos preços, o setor tem andado pressionado. O Índice Nacional de Construção Civil (Sinapi) do IBGE subiu 0,88% em agosto, a maior taxa do ano. O resultado influenciado principalmente pelas altas do cimento e outros materiais, como bloco cerâmico.
A construção civil é um dos componentes da chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), medida dos investimentos no Produto Interno Bruto (PIB). Nos cálculos do Ipea, o investimento avançou 3,4% em julho, na comparação a junho. O resultado recupera a queda dos investimentos em junho, quando o indicador recuou 2,5%.
A abertura mais detalhada do indicador mostra que o consumo aparente de máquinas e equipamentos (Came) - produção doméstica líquida das exportações, acrescida das importações - aumentou 10,9% em julho, frente a junho, o principal responsável pelo avanço no mês.
Dos componentes do Came, a produção nacional de máquinas e equipamentos cresceu 21,5% em julho, a terceira alta consecutiva, e a importação desses bens caiu 7,6% no período analisado.
Na comparação a julho de 2019, o investimento recuou 3,8%, afetado pelo ambiente de incerteza econômica provocada pela pandemia. A leitura é menos negativa, porém, que a registrada em junho, quando a queda era de 6,2% frente ao mesmo mês do ano anterior.
Fonte: Valor Econômico