O perfil do brasileiro vem se modificando ao longo dos anos. Parcelas das classes D e E migraram para as B e C graças a um aumento no poder de compra da população, que permitiu a muitos comprarem sua casa, seu veículo ou eletrônicos (confira mais nas páginas 18 e 19). Em 11 cidades da Região (veja quadro abaixo) essa migração de classes aumentou 65% em dez anos, segundo dados de pesquisa feita pelo Instituto IPC Marketing Editora. Em 2011, estes municípios somam 92.636 residências, das quais 67.718 pertencem às classes B e C, por terem uma renda média mensal entre R$ 1 mil e R$ 4 mil. Em 2001, eram 40.856 moradias na classe média, de um total de 71.950.
Melhorias
Desde que se casou, há seis anos, Adriana Mendonça Porteiro, 33, funcionária pública em Gavião Peixoto, morou com a sogra, por um ano, e depois de aluguel por quatro. Com o novo emprego do marido, a renda mensal do casal aumentou e hoje chega a quase R$ 3 mil. "Há menos de um ano, meu marido e eu financiamos nossa casa, nosso carro e compramos eletrodomésticos que há dez anos não teríamos condições de ter. Acredito que hoje esta muito mais fácil adquirir casa e novos produtos, devido à facilidade de pagamento e ao aumento da renda média."
João Aparecido Sandrin, 40, operador de máquina, também sentiu a vida melhorar ao longo dos últimos dez anos. Ele morou durante 30 anos na colônia da usina em que trabalhava e, há alguns meses, terminou de construir sua casa própria, em Américo Brasiliense. "Antes, eu ganhava cerca de R$ 400 mensais. Hoje, meu salário chega a quase R$ 2 mil. A situação financeira melhorou, construímos nossa casa, compramos um carro e trocamos móveis." Sandrin diz que a família tem mais conforto, com vários serviços perto e sem sofrer com a terra. "Aprendi a não fazer prestação. Junto o dinheiro e compro", afirma.
Aumento é alavancado pelas classes D e E
De acordo com responsável pela pesquisa sobre mobilidades sociais, da IPC Marketing, Marcos Pazzini, o crescimento significativo das classes B e C evidencia a força do consumo da classe média brasileira. Esse aumento quantitativo de pessoas provém, normalmente, das classes D e E. Significa oportunidade de mercado para as empresas, através do planejamento adequado de produtos e serviços para suprir às demandas destes novos consumidores", ressalta Pazzini.
Assim como em Araraquara, na Região, o que move a pirâmide de renda é a lei de oferta e demanda de mão de obra. É o que ocorre em municípios como Américo Brasiliense e Matão.
Por outro lado, segundo ele, nos municípios menores, onde a economia, muitas vezes, é alicerçada em apenas uma atividade principal, essa mobilidade mostra-se mais instável, ou seja, em um momento, um grupo de famílias sobe na faixa de renda, e noutro, cai. Foi o que ocorreu em Motuca após o fechamento de uma usina, principal empregadora na cidade. "São cidades que acabam tendo uma oferta de emprego e salários menores e isso impacta na distribuição de renda", explica.
75,55%
É o percentual das residências de Matão incluídas na classe média atualmente; em 2001 era 61,55% da população
Tabatinga, Ibitinga e Gavião se destacam
Das 11 cidades observadas (veja quadro à esquerda), os maiores destaques ficam com Tabatinga, Ibitinga e Gavião Peixoto. Em 2001, a classe média de Tabatinga representava 48% (1.413) de um total de moradias de 2.946. Em dez anos, esse percentual pulou para 74% — 2.960 residências de classe média, de um total de 4.006.
Em Gavião Peixoto, o percentual de moradias de classe média pulou de 59,76% em 2001 (464 de 778) para 74,38% (809 de 1.089). A economia da cidade teve uma grande movimentação após a instalação de uma unidade da Embraer, em outubro de 2001. Alguns anos após sua inauguração, o município registrou um grande crescimento na geração de empregos e no PIB, o que alavancou no desenvolvimento econômico do município e a migração de sua população das classes D e E para as A, B e principalmente C.
fonte: Araraquara.com