O Sindicato Rural de Ibitinga com extensão de base em Tabatinga, por intermédio de seu presidente, Sérgio Quinelato juntamente com sua diretoria executiva informa sobre o cenário do agronegócio e a expectativas para 2022 através de pesquisas realizadas.
Cenário 2021 - Fonte: CNA Brasil
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), cresceu 4,33% no segundo trimestre, acumulando alta de 9,81% no primeiro semestre de 2021 (Tabela 1 e Tabela 2).
Entre os segmentos do agronegócio, o primário e o de insumos mantiveram destaque no trimestre e no acumulado semestral. No caso do segmento primário, o impulso veio, sobretudo, da agricultura; no caso dos insumos, veio dos insumos voltados à pecuária. A agroindústria e os agrosserviços também cresceram no semestre, mas a taxas mais modestas (Tabela 1 e Tabela 2).
Pela perspectiva dos ramos do agronegócio, os cenários foram opostos. No ramo agrícola, o PIB cresceu 14,46% nos seis primeiros meses de 2021, após avançar 5,96% no segundo trimestre. O resultado foi positivo e expressivo para todos os segmentos do ramo, com destaque para o primário. O excelente resultado da agricultura, com alta de 24,33% no semestre, é observado mesmo com o avanço dos custos agrícolas e com a quebra de produção em diferentes culturas em resposta às condições climáticas desfavoráveis, impulsionado pelo alto patamar real dos preços agrícolas. Essa alta dos preços dos insumos, como os fertilizantes, defensivos e máquinas agrícolas, ao passo que pressiona os custos agrícolas, contribuiu para o bom resultado do segmento de insumos desse ramo (15,44%). No caso da agroindústria de base agrícola, o resultado positivo do PIB no semestre (7,84%) refletiu ambos, o bom patamar dos preços agroindustriais e uma recuperação de produção frente ao mesmo período de 2020, marcado fortemente pelos desdobramentos econômicos da pandemia de Covid-19.
Ainda no ramo da agricultura, também chama a atenção o forte crescimento do PIB dos agrosserviços, de 12,34% no semestre. Tomando como exemplo o setor de transportes, segundo o relatório trimestral da Fretebras, os fretes do agronegócio aumentaram 65% no primeiro semestre de 2021, em comparação ao mesmo período de 2020, e representaram 37% dos fretes registrados pela instituição no Brasil. A Fretebras aponta que o volume de fretes foi puxado, sobretudo, por fertilizantes, soja e milho.
Já no ramo pecuário, o PIB recuou 2,18% no semestre, com os resultados das cadeias pecuárias corroídos principalmente pelo aumento dos custos com insumos. No segmento primário, o resultado do PIB, aumento de 8,7% no semestre, é modesto tendo em conta as fortes elevações dos preços dos animais vivos e do leite. Isso reflete a forte alta dos custos pecuários e a menor produção de bovinos no campo, que se contrapôs aos aumentos nas produções de frango e suínos. Na agroindústria pecuária, a queda de 8,98% no PIB no semestre refletiu, por um lado, um estreitamento das margens, com a dificuldade de repasse dos aumentos das matérias-primas para o consumidor brasileiro e, por outro, a redução dos abates de bovinos diante da escassez de bois prontos para o abate no segmento a montante.
Considerando-se o desempenho até o momento do agronegócio e da economia brasileira como um todo, a participação do setor no PIB total brasileiro deve se manter em torno de 30%.
Expectativas para 2022 - Fonte: CNA Brasil
Para o próximo ano, a CNA espera um cenário incerto na economia, que deve continuar a afetar o agronegócio. Segundo o relatório, a expectativa é que o setor cresça entre 3% e 5%, número bem abaixo do registrado em 2020, onde a expansão do setor deve fechar em 9,37%.
Tal panorama é registrado devido à alta dos preços e economia instável. Segundo o relatório da CNA, as despesas com fertilizantes e defensivos registrou um aumento de 100% em 2021, principalmente nas culturas da soja e milho.
Além disso, a CNA espera que o país chegue a um resultado recorde na próxima safra, com 289 milhões de toneladas. Tal resultado representaria um aumento de 14% em relação à Safra 2021/22. O relatório ainda aponta para a alta das exportações da agropecuária, com 17,5% ante 2021. O cenário para 2022 é otimista, porém incerto. A agricultura, ao contrário de outros setores, não parou. Toda a demanda ficou reprimida, gerando alta no preço da matéria-prima e atrasos nas finalizações.
Palavra do Presidente – Sérgio Quinelato
O ano de 2021 foi um grande desafio para a agropecuária. Ainda tivemos que conviver com a Covid-19 e seus impactos. Além disso, os produtores encaravam a crise hídrica, a elevação absurda na conta de energia elétrica, as geadas incontroláveis e os incêndios ocasionados pela seca. Diante desse cenário, muitos produtores perderam sua produção, mas mesmo assim, persistiram e conseguiram não interromper o ciclo mundial que depende da produção agrícola.
É justamente por causa da garra dos produtores rurais e agricultores que o agronegócio tem se ampliado e transformado nas últimas décadas. De acordo com pesquisa do Sebrae, 71% dos donos de microempresas estão no campo. Trabalhar no campo, diariamente, preparando o solo, manejando as pragas e doenças nas lavouras, com intuito de elevar a produtividade, é um trabalho árduo que estes cidadãos exercem para alimentar a sociedade brasileira. Pequenos, médios e grandes produtores trabalham sob sol e chuva para fazer os grãos, a carne, as frutas e as verduras chegarem frescos nas cidades. Com o avanço da agropecuária nos últimos 30 anos, a produção rural cresceu 260%.
O ano de 2021 foi realmente difícil, no entanto, pudemos perceber quão grande foi a capacidade de resistência, superação, trabalho e luta do meio rural. São milhares de mulheres e homens marcados por uma coragem incomparável, que jamais esmorecem ante as adversidades. Por isso, é sempre muito gratificante ressaltar a importância do nosso produtor rural. Devemos valorizar aqueles que com as mãos na terra, diariamente, mantém o abastecimento de alimentos em nossas mesas, e que acelera a economia do país.