Uma das categorias trabalhistas mais fortes do país, os bancários decidiram ontem voltar, oficialmente, ao trabalho após 21 dias de paralisação, embolsando um reajuste salarial nada desprezível de 1,5% acima da inflação (9% de aumento).
O fim da greve --a maior desde 2004-- foi selado ontem em assembleias de trabalhadores do setor privado em todo o país, mas, na prática, havia sido decidido na sexta em acordo de negociadores "profissionais" de ambos os lados. Assembleias de São Paulo, Rio, Brasília e Curitiba acataram a proposta.
2011 é o oitavo ano consecutivo de aumento acima da inflação para a categoria.
O reajuste dos bancários baliza o de todo o setor de serviços, segmento que mais pressiona a inflação.
Além do ganho real, os bancários também conseguiram elevar o piso da categoria de R$ 1.250 para R$ 1.400 (alta 16,6%) e benefícios como auxílio-creche, vale e cesta alimentação (veja ao lado).
Mas a maior vitória dos bancários diz respeito à participação nos lucros das instituições financeiras, que aumentaram 20% no primeiro semestre de 2011, em relação ao mesmo período de 2010, segundo os bancários.
A categoria tem um acordo com os bancos de embolsar uma participação de 5% do lucro líquido, limitado a um certo número de salários --neste ano, ficou em 2,2 salários ou até R$ 17.220,04.
Adicionalmente, ainda levam mais 2% do lucro -materializado por um teto de R$ 2.800 (era R$ 2.400 em 2010). Quem ganha o piso de R$ 1.400 deve levar R$ 5.880 de participação nos lucros, segundo o sindicato.
"As conquistas dos bancários terão reflexo em toda a sociedade", disse Juvandia Moreira, presidente do sindicato de São Paulo.
GOVERNO CONTRA
Além da disputa com os bancos, os trabalhadores também entraram em embate neste ano com o governo Dilma Rousseff por conta dos bancos públicos. Preocupado com a escalada de preços, o governo orientou estatais com os Correios, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a evitar aumentos salariais acima da inflação.
No caso dos Correios, a disputa foi parar na Justiça, que determinou o fim da greve, deu aumento de R$ 80 (acima da inflação) e mandou os grevistas reporem os dias. Fonte: Uol