O operador nacional do sistema de navegação fluvial reduziu o nível do calado, a parte das embarcações que fica abaixo da água, na Hidrovia Tietê-Paraná pela segunda vez em menos de uma semana. Desde as primeiras horas desta quinta-feira (5), o calado não pode passar de 60 centímetros, medida bem abaixo dos 3 metros comumente estabelecidos.
Por causa da estiagem que tem colaborado com a redução do nível dos rios Tietê e Paraná, a navegação das embarcações de transporte de carga vive uma situação crítica e, em um trecho de 2 quilômetros que fica entre o reservatório da hidrelétrica de Três Irmãos e a eclusa de Nova Avanhandava, a navegação está interditada. “Com esse calado, nenhum tipo de embarcação, principalmente as que transportam os grãos, consegue passar pelo rio”, explica o comandante da capitania de Barra Bonita, João Batista Reis.
A redução do calado para 1 metro, estabelecida na sexta-feira passada, já havia inviabilizado o transporte de carga na maior parte do Rio Tietê na região Centro-Oeste Paulista e a nova redução válida a partir de hoje só aumenta os prejuízos para as empresas que fazem transporte de carga pela hidrovia.
“Nunca passamos por esse problema na história da empresa. É a primeira vez que tem uma redução de calado tão grande. Todo ano a gente paralisa o transporte fluvial para fazer manutenções nas embarcações e nas eclusas, mas nunca tivemos que parar por falta de água”, afirma o encarregado de fábrica de produção da empresa, Francisco Antôno Gardezani.
De acordo com ele a medida tomada pela maioria das empresas para reduzir os custos tem sido a demissão. A estimativa é de que cerca de 700 trabalhadores envolvidos no transporte de carga pela hidrovia percam o emprego se o problema continuar.
“Em 40 dias, que estamos praticamente parados, cerca de 290 mil toneladas de grãos deixaram de ser transportadas”, completa o encarregado. A carga que antes era transportada em comboios de grandes embarcações, que têm capacidade para 6 mil toneladas, está sendo levada para o Porto de Santos em caminhões e para transportar a mesma quantidade do comboio são necessários 200 caminhões.
Pela hidrovia a tonelada transportada tem custo médio de R$ 45. Pelas rodovias o valor sobe para R$ 170. Quase 300% de aumento. As empresas calculam um prejuízo de R$ 60 milhões ao ano se o transporte tiver que continuar a ser feito pelas rodovias. Além de atrasos na entrega de mercadorias e danos ambientais causados pela aumento da quantidade de caminhões nas rodovias.
G1