Semana que vem, na terça, é Natal. Logo, meu desejo é que tenham todos um Natal Feliz, com muita saúde, alegria, paz, felicidades. Dizem que dinheiro não é importante (concordo, tudo o que o dinheiro compra, é barato, mas, nessa data, uns “cascaios”, ajuda bem.
Acredito no Papai Noel e espero que nossas esperanças sejam as mesmas: que ele atenda os seus desejos, se é que postou adequadamente sua missiva.
Alegra-me, no dia 25, as crianças abrirem seus pacotes e, felizes, agradecerem o Noel, por terem sido crianças cumpridoras de seus deveres. Respeitaram os pais, foram bons alunos. Brincaram. É isso que as crianças precisam fazer, embora, particularmente, acho que poderiam começar a serem produtivas, aprender um ofício em idade menos avançada, ajudar os pais e até levar as palmadinhas (que os psicólogos condenam, até serem pais).
Entristeço-me, todavia, em ver essa mesmas crianças, que cumpriram a ritualística para receber o Noel e ele, manca, não dá as caras, nem para dizer o motivo da ausência, que com certeza, deve ter sido involuntária.
Como explicar isso? Confesso que restam lágrimas.
Num conto, a criança acorda pela manhã, corre até à árvore, toda enfeitada, que avidamente ajudou a montar e nada do seu presente. Uma frustação danada, daquelas que, na idade adulta, é como pegar o extrato bancário, na certeza do depósito, e vê-lo frustrado. Uma dureza!!!! Chega a ser uma maldade.
Mas nesse conto, o pai, a procura ousada de uma justificativa plausível, desempregado que está, vendo bens necessários à manutenção familiar ficar escasso nas prateleiras, geladeira vazia, tenta – guardando um choro profundo – aquela dor no peito que arde, tenta amenizar a dor lancinante do filho, que foi, no decorrer do ano, um exemplo.
Abraço-o firmemente, contido no derramar das lágrimas e, à todo o custo, tenta – quase em vão – a convencer o filho de que o Noel não o esqueceu. Com certeza, ainda que mais tardiamente, irá trazer o seu presente. Nada mais tendo a oferecer, a não ser essas singelas palavras, convida o filho, no dia de Natal a que ficassem junto, andando pela cidade, em Parques, campos, para distração.
Retornam somente muito tarde, sequer se lembram de que a data era o nascimento do Filho do Pai. Esqueceram-se do almoço, do sorvete, do chocolate. Esqueceram-se que era Natal.
Após banho o filho foi para o quarto. O pai permanecia angustiado com a falta de presente do Noel. Também – embora tanto como eu – acredite no Bom Velhinho – não sabia como retornar a conversa. Abriu muito devagar a porta do quarto do filho e este está dormindo mansamente, com um Anjo (é acho que Anjos dormem – à vezes). Ao seu lado, estava outra carta. A curiosidade dos pais, com certeza é maior do que a curiosidade dos filhos. Passo-a-passo pegou trêmulo o escrito do filho.
Não conseguiu conter, nessa hora, as lágrimas. Era uma enxurrada a devastar seus sentimentos, sua idiotice. Como precisamos de pouco.
Na carta a criança agradecia imensamente ao Papai Noel pelo presente que havia recebido no dia 25, daquele ano.
Em palavras simples, sinceras, como são as crianças boas, ele agradecia imensamente ao Papai Noel por ter conseguido, desde que nasceu o melhor dia junto com sue Pai. Nunca, antes, havia tido um dia tão feliz. Seu Pai não falou de qualquer problema. Riu – seu pai - como nunca havia visto rir. Estava alegre. Brincaram como nunca brincaram antes. Deitaram na grama, tomaram chuva de esguicho d’água. Ficaram imundos. Tomariam broncas. Pediu ao Papai Noel que, no ano seguinte pudesse ter um dia tão especial quanto o que teve.
Pediu desculpas – por ter pensado que o Noel havia esquecido dele (imagine) e agradeceu, profundamente, pedindo que o Menino Jesus, pudesse proteger, sempre, sua família.
Como disse, tem coisas que o dinheiro não compra. E como é bom ficarmos unidos e, ao mesmo tempo, refletirmos sobre o que estamos fazendo da vida.
Feliz Natal à todos e obrigado pelo carinho.