A mulher foi tida ao longo dos anos, como simples objeto de desejo sexual. Uma serviçal.
Quando começaram, com um esforço monumental a se mostrarem que eram absolutamente capazes de realizar qualquer tipo de atividade, das mais leves, às mais pesadas; quando passaram a ser reconhecidas, juridicamente, como aptas para a realização de todos os atos da vida civil, ainda assim, encontram barreiras, em pleno Século XXI.
Para que possamos nos localizar na questão jurídica, a mulher casada, enquanto subsistia a sociedade conjugal, era tida – em 1958, como “incapazes, relativamente”, situação que veio a se modificar, com o Estatuto da Mulher Casada (Dispõe sobre a situação jurídica da mulher casada. – Lei 4.121, de 27 de agosto de 1962). Para termos uma ideia da situação da mulher, ela não podia sequer outorgar uma procuração, sem autorização do marido, por exemplo, para qualquer que fosse a finalidade.
Vivíamos num período, que não é tão longe assim, mas, onde a mulher tinha um papel secundário, numa sociedade extremamente machista e foi com muita luta, de várias delas, que foi possível, melhorar muito, no início do Século XXI, a posição social, financeira, familiar, no trabalho, da mulher.
Mas ainda sofrem muito, especialmente quando ocupam cargos de relevância social, seja empresarial ou na política.
Na política a mulher sofre, não um estupro físico. Sofre um estupro moral, descabido, pelos pobres de espírito. É lamentável que isso ocorra, numa sociedade como a nossa.
A sociedade moderna, no sentimento pessoal (e não científico), em nada mudou em seu comportamento machista, homofóbico, discriminatório, sejam com as minorias (ou maiorias). Discriminam as mulheres, os gays, lésbicas, travestis, negros, pobres.... e por aí vai. É uma vergonha o que ainda estamos vendo.
Antes, adiversão e o passatempo eram restritos, aos finais de semana. As moças iam para o footing, num vai e vem sem fim. Os homens formavam duas fileiras, para que as moças pudessem desfilar ao centro. Ouviam cantadas e mais cantadas. Algumas além do que eram permitidos pela ocasião. Mas, gostavam. Era assim...
A mulher que não recebia uma cantada, se achava horrorosa, a pior dos mundos, a mulher mais feia!!! Jamais iria se casar, sonho que todas acalentavam, porque àquela época, as mulheres eram tratadas, ainda, como se fossem algo inferior. Ter um estudo era um luxo, coisa para poucas, filhas de abastados fazendeiros. A maioria seria professora, ou como se dizia, normalista. Outras profissões de destaque eram raridades, como médicas, dentistas, advogadas. Não existiam Juízas, Promotoras, Delegadas.
Juristas, médicos, filósofos, assistentes sociais, enfim, uma gama enorme de teóricos, tentam (in)justificar ou não os “porquês” do estupro. Alguns chegam a atribuir ao fato a mulher (jovem ou não), usar uma roupa mais ousada; ter um olhar mais sensual, próprio dela. Não chegam à conclusão.
Antes, o homem safa-se da cadeia, quando praticava o estupro, se até antes do recebimento da denúncia, casava-se com a mulher que ele havia estuprado. Era outra violência, para encobrir a violência mais grave. Ela vivia psicologicamente arrasada, estava grávida e iria engravidar outras vezes; apanhava diariamente; era afastada do círculo familiar, porque era uma vergonha para sua família ter sido estuprada, como se ela tivesse e fosse a culpada pelo ato.
Do estupro – que já é gravíssimo – passamos a ter a agravante do feminicídio. Quer dizer, a situação em relação a mulher, mesmo com a Maria da Penha, não para de encontrar obstáculos para seu sossego e modo de viver. É lamentável.
Nossa sociedade precisa conscientizar-se da grandeza da mulher e vale sempre uma frase antiga, de autor desconhecido: “Atrás de um grande homem, tem sempre uma grande Mulher”. E isso pode ser até invertido: “Atrás de uma grande Mulher, haverá um grande Homem”.
Nesses dias, ainda turvos, agredirem uma mulher, de relevância em cargo público, seja pelas mídias digitais, seja em assembleias, púlpitos, é um escárnio, uma vergonha, não para a mulher, mas para o autor dessas agressões, que são verdadeiros estupros moral.
A sociedade ainda não evoluiu o suficiente. Os machistas (falsos machistas), precisam ser analisados. Talvez tenham forte problemas de personalidade, complexos de inferioridades. Bem isso e para os estudiosos da matéria. Mas penso assim. Vejam na política. Simone Tebet, não fosse a empáfia de Renan, teria sido eleita presidente do Senado e do Congresso. Mas ela é mulher.... e as mulheres sofrem golpes muito baixo.