Ibitinga, Domingo, 24 de Novembro de 2024
HÁ ESPERANÇA!

  O título, como visto, é afirmativo. Não existe interrogação, nem está invertido (Ah! A Esperança, exclamativo). Estamos passando por transformações que a humanidade jamais viveu e de forma extremamente rápida, onde as coisas ou são estratosféricas ou nano, minúsculo, começando por nós mesmos. 

   A maior biblioteca, da antiguidade, foi a de Alexandria. Erguida no século 3 a.C., a biblioteca almejava “abrigar todo o conhecimento produzido pelo homem”. Quase chegou lá: o lugar chegou a ter 700 mil textos, uma enormidade para a época. Essa grandiosidade ruiu a partir do século 3, quando o imperador romano Aureliano invadiu Alexandria e, acredita-se, destruiu o lugar. Na época, os nobres egípcios salvaram boa parte dos textos. Mas no ano de 642, o general árabe Amr ibn al-As conquistou a cidade e perguntou a seu soberano, o califa Omar, o que fazer com os livros. O califa disse que o único livro indispensável era o livro de Alá – o Alcorão, obra sagrada dos muçulmanos. Amr, então, distribuiu os livros pelas 4 mil casas de banho de Alexandria para que eles fossem usados como combustível das caldeiras. Quando colocamos, hoje, o termo “biblioteca”, no Dr. Google, termos “Aproximadamente 483.000.000 resultados (0,55 segundos)”. Não que isso signifique o tamanho de uma biblioteca. Mas saímos de mil e fomos para milhões e, em buscas em cada um desses milhões, encontraremos outros milhões.

   Hoje, segundo relatos, a maior biblioteca do mundo é a do Congresso Americano, que fica em Washington D.C., nos EUA. Seu acervo tem mais de 155 milhões de itens, entre livros, manuscritos, jornais, revistas, mapas, vídeos e gravações de áudio (mas, curiosamente, não tem uma cópia de todos os livros publicados no país). Ela é a biblioteca oficial de pesquisa do Congresso norte-americano e foi criada em 1800, quando a sede federal foi transferida de Filadélfia para Washington. Seu prédio chamado Thomas Jefferson Building, foi aberto ao público em 1897. Tem 1.348 Km de prateleiras, segundo a Revista Super Interessante.

  É incontroverso e não é segredo, de que durante vários momentos da história, bibliotecas foram queimadas; livros insubstituíveis foram destruídos; destruíram a vida das pessoas e, se não as destruíram fisicamente, tentaram acabar com a manifestação do pensamento. Perdemos parte da cultura, da história. Perdemos vidas, por conta de seus escritos, especialmente em períodos ditatoriais. A ciência perdeu. 

  Dizem alguns, não sei se em tom de galhofa ou como uma verdade, que uma criança de hoje, com seus 8 anos de idade, já tem muito mais informação do que um Imperador Romano, na era do incipiente cristianismo.

  Professores de hoje, precisam – como fez a Professora Débora Garofalo, da Escola Municipal Almirante Ary Parreiras, de São Paulo, que recebeu o prêmio – Global Teacher Prize, ter um olhar diferente, como ela teve. Quem ganhou o prêmio foi um Professor queniano, Peter Tabichi, que dá aula para jovens muito pobres na área rural desértica.

   Os olhos da Professora Débora, que agora se surpreendeu com o mundo árabe (especialmente Dubai) são os mesmos que, uma vez, no Brasil, enxergaram o que quase ninguém costuma dar bola: o lixo. Débora juntou esse olhar com o que ela sabe fazer de melhor: ensinar. Começou a recolher sucata pelas ruas da cidade e trazer para a sala de aula para ensinar robótica aos estudantes de 6 a 14 anos. A escola fica perto de quatro favelas conhecidas pela violência e com sérios problemas de despejo de lixo.

  Os alunos relatavam a ela – não que não tinham uma biblioteca ou acesso à informática para suas atividades. Relatavam que quando chovia, não podiam ir às aulas, porque o lixo – o lixo – tomava conta das ruas.

  O resultado saiu das mãos dos alunos: robôs, controles remotos e diversos protótipos do que os estudantes mais gostam: carrinhos, aeronaves, barcos, até máquina de refrigerante. Eles já aproveitaram mais de uma tonelada de materiais recicláveis das ruas. Hoje, dois mil estudantes atuam na comunidade como agentes defensores da sustentabilidade. É alegria no rosto e um legado que ninguém nunca mais vai tirar desses jovens: o saber.

  E não precisamos, no estágio atual, da biblioteca de Alexandria, nem da do Congresso americano.

  Precisamos de atitudes, como dessa Professora, de uma Escola Municipal. A arte de ensinar não está em grandes Palácios, em casas luxuosas, nem em grandiosas bibliotecas (embora necessárias e a nossa, em particular, num prédio tombado, está um horror).

 

 

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