Meu propósito na vida era ser médico. Fui para São Paulo, fazer “cursinho” para medicina. O 3º Colegial, em escola pública, no período noturno. Esse tempo rende muitas histórias boas.

  No mês de julho do ano que estava em São Paulo, Odete Saad Secanho, num almoço oferecido ao pessoal da nossa “República Estudantil”, me disse que não tinha perfil de médico e, sim, de bacharel em direito, advogado.

  Fiquei martelando aquilo e fui ao médico renomado e estimado amigo, Oswaldo Estiná Tonini, para me deixar assistir uma cirurgia (como se a medicina fosse só cirurgia). Dia seguinte lá estava eu no Centro Cirúrgico da Santa Casa local, devidamente escovado e paramentado. Até ali, era exatamente o que eu queria. O paciente na mesa, Renato Bocca na anestesia, Elza Cantarim de instrumentadora. Vidal Haddad ajudando e lá vai o Tonini abrir a barriga no cidadão, para operar uma úlcera gástrica. Terminada a cirurgia, terminou com ela, o propósito e a vocação que imaginava ter. 

  Depois de uma boa prosa com meus pais, aceitaram de bom grado minha nova expectativa: fazer Direito, seguindo a “tia” Odete. Voltaria para nossa terrinha, imediatamente. Meu pai disse que eu continuaria em São Paulo, até concluir o Colegial, na boa escola pública estadual que frequentava. Minhas Escolas Públicas e os Professores, foram bons, desde o Grupo Escolar, em Cambaratiba. Pensava em cursar Direito na São Francisco, Faculdade de grande renome e onde se formaram grandes juristas. Negativo! Abdalla Haddad, Izac Teixeira de Godoy, Geraldo Teixeira de Godoy e meu pai, acharam que eu deveria estudar na Instituição Toledo de Ensino de Bauru e, trabalhar num dos Cartórios daqui, para ter um aprendizado prático do ofício advocatício ou na área do direito.

  Fui aceito pelo estimado e competente Escrivão Carlos Costa Primo, de quem me tornei grande admirador e, ao final, sucessor, o que me honra muito. Sucedi ao Carlos, ao Paulo Arantes Ferreira, Flávio Pinheiro, no então 2º Cartório de Notas e Ofício de Justiça da Comarca de Ibitinga, que ficava no Fórum local. Esse Cartório foi instalado em Ibitinga em 05 de março de 1923. Tem uma belíssima história. No decorrer de Escrivão titular, desde 1983, exerci a escrivaninha eleitoral, por mais de 10 anos. Convivi com grandes advogados, promotores e juízes, que acabaram me incentivando a prestar Concurso para Magistratura. Fiquei na prova oral e, desisti. Não sei se fiz certo. Mas fiz o que achei correto, na época. Tinha me casado a pouco tempo, filha com pouca idade. Tentar uma carreira fora seria um enfrentamento mais complexo. Primeiro a família. Depois, havia – também – me apaixonado pelo Tabelionato. Resolvi ficar no exercício desse ofício, do qual tenho grande orgulho em pertencer.

  Esse tempo já tem 45 anos. De titularidade são mais de 35. Portanto, uma vida dedicada, com muito esmero e apreço ao notariado.

  O estudo do notariado me levou a ter contato com a Escola Paulista da Magistratura, em Cursos com Notários e Registradores; passei a fazer parte da Diretoria do Colégio Notarial do Brasil – Conselho Federal; passei a frequentar o Colégio Notarial do Brasil – Seção São Paulo – onde fiz parte de várias Comissões, especialmente a de Informática, uma vez que o 2º Tabelionato de Notas sempre foi vanguardista nesse quesito, com a segurança jurídica indispensável. Com isso frequentei Congressos em vários estados e no exterior. 

  Uma convivência que posso garantir, das mais profícuas, em prol do notariado brasileiro.

  Conto, tudo isso, rapidamente, para que saibam da importância dos Cartórios na minha vida e, tenha certeza, na sua também.

   Não pensem que Cartório é invenção brasileira. Não é jabuticaba. O Notariado, como o que existe no Brasil, chamado de Sistema Notariado Latino (Civil Law), existe em mais de 87 países mundo afora. O Sistema Notariado Anglo-Saxão (Common Law), existe em poucos países, como em alguns estados dos Estados Unidos da América. Alguns estados americanos, estão passando para o Notariado Latino, por conta da segurança jurídica que ele dá. Ao redor do Mundo, há muitos sistemas registrais e notariais, cada um deles guardando identidade com suas origens históricas, políticas e culturais.

  Os Cartórios no Brasil, são fiscalizados pelo Poder Judiciário e os Concursos Públicos, pelas Corregedorias Gerais de Justiça Estadual. No Estado de São Paulo, está terminando o 11º Concurso e, banca constituída para o 12º. 

  O Cartório protege você, em todas as especialidades: Registro Civil das Pessoas Naturais, Notas, Protesto, Registro Civil das Pessoas Jurídicas, Registro de Títulos e Documentos, Registro de Imóveis. Cada especialidade com sua competência e territorialidade.

   Os Cartórios – segundo pesquisa de Instituto renomado – tem a aprovação de 88% da população brasileira e, podem ter certeza que, a cada dia, o Serviço Extrajudicial se aperfeiçoa, ajuda em evitar conflitos, participa da vida das pessoas. Os Cartório estão na era “e-“.

   Somos uma sociedade em plena evolução e, os Cartórios estão muito atentos a tudo isso. A importância dos Cartórios vem de longa data e, alguns abestalhados, dentre eles políticos, não têm a mínima noção da importância do Sistema Latino existente no Brasil, em comparação com outros países, como o Sistema Anglo-Saxão.

   Essa pequena digressão, essa viagem rápida num tempo que voou me alegra a alma, me deixa jovem, feliz com a vida.