Um filme, uma novela ou mesmo um livro (coisa que as crianças não andam muito animadas em ler), podem começar muito ruim, desanimar. Depois de umas dez páginas do livro a vontade é deixar de ler. O filme a gente fica, se for no cinema. No conforto de casa, dá um “stop” e vamos ver se dá liga, depois. A novela começa com um estardalhaço danado, depois de alguns capítulos (isso quando assistia) desânimo total. O fim da novela quase sempre é o esperado ou totalmente inesperado.
Assim são nossas vidas, que a arte tenta imitar. Na verdade esses começos, meios e fins, são assim, em tudo.
Algumas crianças nascem com número enormes de problemas de saúde e, um cuidado aqui, outro acolá, o amor materno e paterno, ela vai ganhando amor, peso e, depois, vem a superação e se torna um grande cidadão. Outras nascem enormes, criadas – como se diz – e, logo começam a apresentar um montão de problemas, o que seria inimaginável. Às vezes nem o amor e a ciência conseguem ajudar.
Os governos não são diferentes. Na campanha, em todos os níveis – federal, estadual, distrital e municipal – as promessas são de levas, aos montes. Coisas que faz a gente duvidar, mas, garantem o cumprimento. Logo após a posse, vem a montagem do governo e, começamos a ver que alguns dos que passam a integrar o núcleo governamental, não estavam na campanha e nem tinham compromisso com o que o eleito dizia. Às vezes, ao contrário, divergiam, mas, convidados e com indicações (políticas, que agora virou só técnica (?)), recebem “carta branca”, para fazerem o que for necessário para o bem do Brasil.
Por isso, é preciso avaliar o governo, como avaliamos as novelas – é não é tão simples assim, todavia, a paciência anda curta e, logo no primeiro capítulo, a vaidade aflora de modo infernal. Misturam religião com política. Meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Segurança Pública e segurança jurídica. Não há harmonia entre os Poderes. A vaidade e falta de sensatez dos eleitos, que decorrem de falas, atos e atitudes, é flagrante. Esquecem que o real Governo é do Povo. Nós pagamos os Poderes, os funcionários públicos, por isso, devem respeito aos patrões. Devem-no prestar contas e nós, devemos quando não prestadas, cobrar, de forma legítima.
A formação de um Estado, além de seu povo, seu território, sua língua, é a sua Soberania; Soberania que não é do Governo. A Soberania é do Estado. Fundamentos da República Brasileira: a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e, o pluralismo político. Daí decorre que o Poder emana do povo, diretamente ou por seus representantes, nos casos previstos na Carta Política.
Por contas dessas comparações e afirmações, um dos Poderes, especificamente o Supremo Tribunal Federal, nossa Corte Constitucional, terá uma pauta que colocará a divisão do país, novamente, em evidência.
No cardápio estão a ação que prevê o fim da prisão imediata após julgamento em segunda instância, a liminar do próprio Ministro Toffoli que interrompeu os trabalhos do antigo Coaf, rebatizado como Unidade de Inteligência Financeira, a suspeição de Sergio Moro no julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o caso recente em que uma das turmas da corte anulou a sentença de Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil. A ideia é que todos esses casos estejam decididos até o fim do ano.
Uma parte dos ministros trabalha para acelerar os casos – se possível, julgando uma boa parte deles ainda em outubro. O Presidente Toffoli tem evitado confirmar as datas por uma razão estratégica. A ideia é levar os assuntos à pauta com poucos dias de antecedência, para evitar grandes mobilizações contra o tribunal nas redes sociais e nas ruas. Ele sabe que o pacote coloca o STF mais uma vez contra a população – e, por óbvio, pode colocar a população contra o STF.
Sim, o tribunal deve anunciar e julgar as pautas rapidamente.
O STF deve dar segurança jurídica, como escrevi, nesta coluna. Todavia, insiste em mudar de orientação e levar o cidadão a uma indignação com o Poder que mais deve ser prezado: a Justiça.
Como dizer para as pessoas comuns, que a corrupção vai acabar; que o Ministério Público (é órgão do Executivo) é uma instituição essencial para a Justiça, quando um ex-procurador afirma ter “pensando” em matar um Ministro (aliás, pensar virou crime – cuidado). Agentes da Receita, que cuidavam das cobranças da Operação Lava-Jato, preso, porque se corrompia.
Acreditem: Ainda há Juízes. A frase é: Ainda há juízes em Berlim. Mas vamos ter esperança de que esse Brasil será melhor para aquelas crianças que nascem fortes e, depois ficam doentes ou, ao reverso, para aqueles que nascem doentes e se fortalecem.
Hoje é o “Dia das Crianças” e que elas possam ter um Brasil bem melhor; sejam alegres e felizes. Gozem da infância, como crianças e não como crianças adultas.
Por lei federal, hoje é feriado nacional, consagrado a Nossa Senhoria Aparecida, como a “Padroeira do Brasil”. Aos católicos e não católicos, oremos pelo Brasil.
Teremos que ter um final feliz. Vamos por partes.