“Me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí...” Dizem que o Brasil só começa a trabalhar depois do carnaval. Nesse ano a sexta-feira de carnaval é 21 de fevereiro e a terça, no dia 25. Por isso, o “l´argent”, poderá adiantar-se.
A música do Chico Buarque – “Amigo é pra essas coisas” – era época em que amigo servia para dar aval, fiança, fazer o empréstimo de algum, para fazer frente as dificuldades, às vezes momentâneas da vida.
Mas, com o decorrer do tempo, aquela história do “fio do bigode” e da amizade, foi ficando para inglês ver e, o compromisso de pagamento ou os empréstimos feitos, levaram a grandes inimizades.
Não é raro, muito ao contrário, é muito comum, que pessoas costumam “emprestar o nome”. O que é isso? Não façam isso! Se seu amigo está em apuros, você deve ajudá-lo, sem dúvida. Para isso não precisa colocar o seu nome.
Vejo pessoas muito bem esclarecidas emprestarem o talão de cheque, assinado, sem data, valor ou mesmo cruzado (em preto – de preferência). E cartão de crédito? Já vi muito. Aí não paga o cartão (juros de mais de 300% ao ano – mesmo agora que o cheque especial está em 8% ao mês – é muito caro – é caríssimo). Seu nome fica sujo, também.
Meu avô, que foi fazendeiro, tinha terras no querido Cambaratiba e em Borborema, dizia sempre para que não prestássemos aval ou fiança. Mesmo assim, às vezes, alguns tentam mas, infelizmente, não dou aval, nem fiança, até porque isso implica na necessidade legal da assinatura da esposa (ou do marido). Fora de cogitação.
Dizia eu do meu avô Zeca: “quando me pedem para ser avalista, vou logo no calendário, para ver se terei dinheiro no dia do vencimento do título. Se não puder contar com o valor do título, não avalizo”. Aí o solicitante do aval dizia: “Zeca, fique tranquilo que eu vou pagar o título”. Respondia ele: “Ué, então diz isso para o gerente e não precisa do aval”. Fim da prosa.
Portanto – vale aquela máxima: amigos, amigos, negócios à parte, ou, vai dar ruim, não vai prestar.
Estou falando de dinheiro, duas vezes seguidas, porque todos sabem que as contas de começo (meio e fim de ano), não param. Temos contas chamadas contínuas, aquelas de todos os meses: água, luz, telefone fixo ou celular, medicamentos, plano de saúde, abastecer o carro ou a moto, aluguel ou prestação da casa, compras em magazines (no cartão ou no crediário) e, por aí a coisa vai. Isso a gente soma, não subtrai. Subtrai do salário e, às vezes de alguma economia, dependendo do rombo do mês.
No mês de janeiro, fevereiro e março você acha que o pior passou, mas, em Ibitinga, depois disso é que vem o IPTU (que confesso, com é a cobrança mais injusta em Ibitinga – questão de justiça fiscal). O metro quadrado, pela Tabela Genérica, acaba sendo igual ou muito pouco diferente dependendo setor que você mora. Isso será um assunto mais técnico. Voltarei a tratar dele, porque acham que os cartórios, ganham muito, por conta da base de cálculo do IPTU. O valor do IPTU, por definição legal, é o valor do bem, no preço à vista. Portanto, aqueles que não estão com o imóvel lançado pelo Poder Público, como preço de mercado, está errado e, a sonegação para o Município é grande, em dois sentidos: um, no próprio pagamento do IPTU e, outro, quando da transmissão do imóvel no Registro Imobiliário, o ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a ele Relativos), ao invés de usar o valor real de mercado, o valor efetivamente pago, usam o valor do IPTU, que está muito abaixo. Então não é o cartório que vai ganhar muito. É toda a população que perde, para investimento. Ademais, aqueles que dizem que isso é injusto, estão sonegando ao fisco federal, estadual e municipal e, qual a defesa para a sonegação? Especialmente por parte de políticos? Compliance – sabem o que é?
No âmbito institucional e corporativo, compliance é o conjunto de disciplinas a fim de cumprir e se fazer cumprir as normas legais e regulamentares, as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da instituição ou empresa, bem como evitar, detectar e tratar quaisquer desvios ou inconformidades que possam ocorrer.
O termo compliance tem origem no verbo em inglês to comply, que significa agir de acordo com uma regra, uma instrução interna, um comando ou um pedido.
Muitas empresas e os cartórios estão cada vez mais usando dessa disciplina, o que não é fácil, porque muitos ainda acham que fazer errado, dará certo. O Poder Público também deveria (Legislativo, Executivo e Judiciário), adotar, cada dia mais, regras rígidas, internas, para agirem em conformidade com esse conjunto de disciplinas a fim de cumprir todas as normas legais.
Ao final e ao cabo de cada ano, assim agindo, iremos melhorar os jovens – que já estão nos ensinando muito.
E o l'argent? É companheiro, está difícil, mas, tenha certeza, irá melhorar e seu amigo não precisará lhe dar aval, nem um cabral.